
Lançado recentemente no Steam, The Fool’s Apprentice é um simulador de gerenciamento com temática mágica, desenvolvido pela The Planar Danse. No comando de um Conservatório Arcano, o jogador assume o papel de um Arcanista prestigiado. Seu objetivo? Transformar aprendizes desastrados em verdadeiros mestres das artes arcanas. A proposta combina elementos de magia, simulação e estratégia, oferecendo uma experiência única, embora com ressalvas importantes.
Apesar do potencial promissor, o jogo enfrenta desafios que comprometem sua jogabilidade. Falhas técnicas, ausência de funções essenciais e uma curva de aprendizado confusa tornam a experiência frustrante em alguns momentos. Ainda assim, os visuais encantadores e a atmosfera misteriosa mantêm o interesse daqueles que buscam um simulador com estética diferenciada.
🎓 Ensinar magia pode ser mais complicado do que parece
A principal mecânica de The Fool’s Apprentice gira em torno da gestão de aprendizes. O jogador precisa orientar os estudantes, desenvolver suas habilidades e conduzi-los até exames desafiadores que liberam pontos de pesquisa. Esses pontos são essenciais para desbloquear novas estações e aprimorar o Conservatório. A proposta parece simples, mas na prática, exige atenção constante.
Cada aprendiz possui um comportamento peculiar. Caso sejam deixados sozinhos por muito tempo, perdem o interesse e abandonam os estudos. Como resultado, é necessário microgerenciar suas ações o tempo todo, evitando que desistam antes da hora. A progressão depende da realização de testes finais — as chamadas “visualizações rúnicas” —, que também representam um risco de morte para os estudantes menos preparados.
Além disso, o jogador deve lidar com dilemas de múltipla escolha, pequenas crises narrativas que afetam o rumo da partida. Infelizmente, esse sistema apresenta bugs que comprometem sua funcionalidade. Em certos momentos, as caixas de diálogo travam o jogo, impossibilitando o progresso e exigindo o reinício completo da sessão.
👀 Pequenos detalhes que causam grandes problemas
Logo ao iniciar The Fool’s Apprentice, o tutorial tenta introduzir as mecânicas básicas com janelas de texto explicativas. No entanto, muitas informações são apresentadas de forma superficial. Isso obriga o jogador a aprender na base da tentativa e erro. Embora esse método funcione em alguns gêneros, aqui ele entra em conflito com a proposta relaxante do jogo.
Outro ponto que afeta a jogabilidade é a falta de uma pausa ativa. A única forma de interromper o jogo é acessando o menu ou ativando uma configuração que pausa o tempo apenas dentro da loja. Essa escolha de design gera frustração, especialmente quando o jogador deseja analisar as estações ou os status dos aprendizes com calma. Os desenvolvedores já prometeram ajustes futuros, com a inclusão de modos de dificuldade que poderão flexibilizar essa limitação.
Enquanto isso, os goblins ladrões tornam a vida no Conservatório ainda mais desafiadora. Esses pequenos inimigos aparecem sorrateiramente, roubando objetos e estações sem aviso prévio. O jogador pode expulsá-los ou eletrocutá-los, mas somente se os perceber a tempo. Caso contrário, equipamentos importantes desaparecem sem explicação, prejudicando o andamento da partida.
🧙♂️ Um mundo mágico que brilha… mas à distância
Um dos aspectos mais encantadores de The Fool’s Apprentice é seu universo rico em ambientação. O jogo faz parte de um mundo conectado criado pela The Planar Danse, compartilhado com outros jogos e obras literárias. Apesar disso, a narrativa permanece apenas como pano de fundo. Elementos como lore e contexto aparecem em descrições de itens, sem impactar de forma significativa a progressão da história.
Ainda assim, a ambientação visual impressiona. O Conservatório e seus elementos transmitem um charme mágico envolvente. As animações fluem bem, os menus são claros e os efeitos visuais contribuem para a imersão. A trilha sonora, apesar de limitada, reforça o clima com músicas suaves e ocasionais toques de tensão. Contudo, a repetição dos temas pode se tornar cansativa após algumas horas.
Do ponto de vista técnico, o jogo apresenta sérios problemas de desempenho. Mesmo em máquinas potentes, a taxa de quadros é instável. Além disso, o controle da câmera é limitado, impedindo rotações e dificultando a visualização de certos elementos. Em diversos momentos, os comandos simplesmente não funcionam como esperado, o que compromete a jogabilidade.
🧪 Uma receita promissora que ainda não está pronta
The Fool’s Apprentice apresenta ideias criativas e uma execução artística admirável. Infelizmente, uma série de bugs e limitações impede que a experiência atinja todo o seu potencial. A ausência de uma função de salvamento entre sessões, por exemplo, agrava o impacto dos erros. Jogadores que enfrentarem falhas precisam reiniciar o jogo do zero, incluindo os tutoriais — que, por sinal, não podem ser desativados corretamente.
Outro problema recorrente envolve exames que não são concluídos, resultando em bloqueios permanentes. Estudantes se alinham para as provas finais, mas se tornam impossíveis de interagir. Além disso, móveis desaparecem, a loja deixa de funcionar e, eventualmente, a partida se torna irrecuperável.
Esses obstáculos afastam o jogador da proposta inicial de um simulador aconchegante. Embora a premissa seja cativante, o jogo carece de estabilidade. Falta também um enredo mais presente, capaz de dar significado à jornada dentro do Conservatório. Mesmo com todo o potencial, o título ainda parece estar em fase de testes.
🔮 Conclusão: um feitiço que precisa ser reforçado
Com uma proposta ousada e uma estética encantadora, The Fool’s Apprentice promete uma experiência única no universo dos simuladores. No entanto, no estado atual, o jogo enfrenta problemas que vão desde falhas técnicas até decisões de design questionáveis. Ainda que o ambiente e a trilha sonora conquistem, a jogabilidade e a ausência de recursos essenciais comprometem sua recomendação.
Para quem se interessa pelo gênero, o ideal é aguardar atualizações futuras. Com patches de correção, melhorias de desempenho e novos recursos, o jogo pode, enfim, cumprir sua promessa. Enquanto isso, assistir a vídeos ou transmissões pode oferecer uma boa prévia do que esperar.
The Fool’s Apprentice é um exemplo claro de como boas ideias precisam de tempo e cuidado para se transformar em algo memorável. Com dedicação por parte dos desenvolvedores, o Conservatório Arcano ainda pode se tornar uma referência mágica nos simuladores de gestão.
A Comunidade Mega Drive recebeu chave para revisão do jogo!