
Uma introdução ao mundo sombrio de Mandragora
Mandragora: Whispers of the Witch Tree entrega exatamente o que fãs de fantasia e jogos souls-like buscam: um universo imersivo, combates desafiadores e um senso constante de descoberta. Desenvolvido pelo estúdio independente Primal Game Studio, o título mostra como jogos de pequeno orçamento podem competir com produções de grandes empresas. A ambientação sombria, aliada a uma jogabilidade refinada, garante uma experiência envolvente desde os primeiros momentos.
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Inspirado por clássicos como Dark Souls, o jogo mistura elementos de RPG com mecânicas de plataforma e exploração em um mundo 2.5D rico em detalhes. No papel de um Inquisidor, o jogador mergulha em Faelduum, um reino tomado por monstros e corrupção, onde cada escolha influencia o desenrolar da jornada. Com múltiplas classes, um sistema de habilidades profundo e combate estratégico, Mandragora oferece não só desafio, mas também liberdade.
A seguir, conheça os destaques dessa aventura que merece seu lugar entre os grandes títulos do gênero.
Uma jornada de rebelião e entropia
Em Mandragora, o enredo se desenrola em Faelduum, um mundo onde o caos se espalha e a ruína parece inevitável. O protagonista, um Inquisidor a serviço do Rei Sacerdote, inicialmente aceita as ordens sem questionar. No entanto, um evento marcante desperta dúvidas e o leva a uma jornada que desafia tudo o que acreditava, especialmente ao descobrir o conceito de Entropia — uma força que ameaça engolir o mundo.
Embora o ponto de partida seja familiar — a ruptura com um sistema opressor —, o jogo rapidamente coloca o foco na construção de mundo e nas interações com seus habitantes. As conversas opcionais e os diálogos ramificados enriquecem a experiência, tornando cada decisão significativa. As consequências dessas escolhas tornam o universo mais vívido e implacável.
Mesmo que a narrativa não seja o ponto mais forte para todos os jogadores, o universo criado por Mandragora compensa com ambientação e profundidade. A sensação de imersão cresce à medida que o jogador explora áreas desconhecidas, encontra personagens únicos e descobre segredos que revelam mais sobre a Entropia e o conflito interno do herói.
Exploração ampla e mundo meticulosamente construído
Mandragora surpreende ao oferecer um dos mundos 2.5D mais ambiciosos da atualidade. Cada local revela novas possibilidades de exploração, com cavernas cheias de armadilhas e fendas entre realidades. A sensação de ser apenas mais um viajante em um mundo vasto é constante — e extremamente envolvente. O jogo também inclui habilidades de movimento, como pisões para quebrar terrenos frágeis e um gancho de escalada que adiciona um leve toque de metroidvania à experiência.
Outro ponto que destaca a exploração é a dificuldade equilibrada. Embora não seja injusta, a jornada pode se tornar mortal rapidamente se o jogador não dominar as mecânicas. Reflexos rápidos e domínio do conjunto de habilidades são fundamentais. É possível ajustar o desafio com controles deslizantes, reduzindo o dano sofrido ou o consumo de estamina. Apesar disso, a configuração padrão entrega a tensão ideal para valorizar cada vitória.
A progressão pelos mapas é fluida, com pontos de descanso que permitem viagens rápidas. Embora isso reduza um pouco o risco da exploração, também evita a frustração. Além disso, o sistema de marcações manuais no mapa incentiva a revisitar áreas inexploradas, garantindo que nenhum segredo passe despercebido. Cada bifurcação pode levar a um item valioso, a um inimigo poderoso ou a uma nova região — reforçando a recompensa por ser atento e curioso.
Combate profundo, estratégico e personalizável
O sistema de combate é outro grande acerto de Mandragora. O jogador pode escolher entre seis classes — Vanguard, Flameweaver, Spellbinder, Nightshade, Wyldwarden e Vindicator —, cada uma com suas vantagens e estilos de jogo. A variedade de feitiços, armas e habilidades permite uma personalização quase infinita, incentivando a experimentação desde o início.
Por exemplo, a classe Flameweaver combina ataques físicos com feitiços de fogo. Além da clássica bola de fogo, é possível erguer muralhas flamejantes e aplicar efeitos de queimadura nos inimigos. Essa flexibilidade oferece opções tanto para o combate corpo a corpo quanto para estratégias à distância.
Mesmo que os jogadores não fiquem restritos às armas da sua classe inicial, seguir o estilo proposto no começo maximiza o desempenho. O sistema de árvore de habilidades, embora extenso, nem sempre entrega melhorias impactantes. Ainda assim, seu valor se torna evidente ao revisitar áreas antigas com atributos reforçados e equipamentos superiores.
Além dos comandos básicos, o jogador pode atribuir habilidades ativas e feitiços a atalhos nos botões do controle, o que adiciona dinamismo ao combate. O uso de Frascos de Vida, semelhantes aos Estus Flask de Dark Souls, e a perda de Essência ao morrer, fortalecem o aspecto souls-like. Contudo, itens consumíveis — como comidas preparadas — podem ser ainda mais valiosos, oferecendo vantagens estratégicas em batalhas intensas.
A Árvore da Bruxa: um refúgio essencial
A base central do jogo é a Árvore da Bruxa, uma área que serve como lar e ponto de apoio ao longo da jornada. Com o avanço da história, novos aliados aparecem e abrem lojas que podem ser aprimoradas conforme seu uso. Esses upgrades ampliam a variedade de itens e serviços disponíveis, mantendo tudo acessível e bem organizado.
Nesse local, também é possível desbloquear partes do mapa usando fragmentos encontrados durante a exploração. Além disso, há um quadro de recompensas que oferece missões rápidas em troca de moedas, ideal para quem deseja fortalecer o personagem antes de avançar.
Graças ao botão de viagem rápida dedicado, retornar à Árvore da Bruxa nunca se torna um incômodo. Em testes no PlayStation 5, o desempenho se manteve estável, proporcionando uma experiência fluida e confiável em todos os aspectos técnicos.
Desafios intensos e chefes memoráveis
As batalhas contra chefes se destacam como os momentos mais emocionantes de Mandragora. Esses inimigos apresentam padrões de ataque complexos, exigem precisão e desafiam o jogador a manter o foco total. Muitas vezes, o jogador enfrenta múltiplos inimigos em arenas pequenas, o que aumenta a dificuldade e torna a vitória ainda mais gratificante.
Os combates funcionam quase como uma dança coreografada. Ao entender os padrões dos inimigos, esquivar no tempo certo e atacar nos momentos ideais, o jogador conquista vitórias com sensação real de domínio. Mesmo as repetições de mini-chefes mantêm o interesse por conta do desafio oferecido.
Um detalhe importante é a ausência de aviso prévio para alguns chefes. Isso pode levar à perda de Essência acumulada se o jogador entrar desprevenido. Apesar disso, cada chefe vencido representa uma conquista significativa, comparável aos grandes momentos de jogos como Dark Souls.
Entre os chefes mais marcantes, destacam-se um dragão colossal e um gigante acompanhado de um parceiro que lança explosivos — uma batalha que remete aos inimigos montados de Borderlands. Esses confrontos são visualmente impressionantes e testam todas as habilidades adquiridas até então.
Conclusão: Uma joia do gênero para fãs de fantasia e ação
Mandragora: Whispers of the Witch Tree impressiona ao unir combate preciso, exploração densa e ambientação marcante. Apesar de a narrativa não ser o ponto alto para todos os públicos, o jogo brilha em quase todos os outros aspectos. A liberdade de criação de personagem, o sistema de combate profundo e a vasta quantidade de segredos tornam a experiência viciante.
Além disso, os elementos souls-like, aliados ao design acessível e personalizável, ampliam o apelo do jogo para diferentes tipos de jogadores. A possibilidade de ajustar a dificuldade e o sistema de quests bem sinalizados evitam frustrações, sem abrir mão do desafio.
Com New Game Plus e seis classes distintas, Mandragora oferece excelente valor de rejogabilidade. O estúdio Primal Game Studio, com sede na Hungria, mostra que a criatividade e a dedicação podem elevar um projeto independente ao patamar dos grandes. Para quem busca uma aventura sombria, exigente e encantadora, Mandragora é uma escolha certeira.
A Comunidade Mega Drive recebeu uma chave para o review do jogo.