
O Zeenix enfrenta uma situação desastrosa após o fracasso de sua pré-venda no ano passado. Sem dúvida, todos os planos para o produto foram por água abaixo.
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Planos?
Sim, existia um plano motriz por parte da ex-equipe Zeenix para a marca em si. Não era apenas o lançamento de dois PC’s portáteis, o Zeenix Lite e o Pro, mas, também, uma linha de acessórios.
Para quem não sabe, na exposição da gamescom estavam lá, também, dois teclados mecânicos, um mouse gamer e um controle compatível com Windows 10/11.

Esta séria a linha de acessórios Zeenix, que complementariam a forma de usar o PC portátil nas suas duas versões. Provavelmente iriam incluir também um Hub USB para que todos esses acessórios fossem ligados, mas, ali, não se fez presença.
Destes acessórios, o único que eu tinha real interesse era o controle, pois ter um controle Xbox para poder usar no Windows não está tão barato de se ter um, principalmente por conta das taxas extras que, infelizmente, nos impede de importar produtos com um melhor preço.
Além dos acessórios, também houve a promessa que a Tectoy seguiria uma linha que, na minha opinião, teria sido a melhor, que era se tornar distribuidora / Publicadora de jogos, neste caso uma ponte para os estúdios brasileiros.
Sendo uma publicadora, a possibilidade de alcançar um público gamer era grande, na verdade, gigantesco, pois no Brasil temos poucas lojas digitais, como é o caso da Nuuvem.
É uma pena que, até março de 2025, nada disso tenha sido lançado, e a chance de conseguir uma publicadora ou distribuidora seja baixa.
Mas tem como salvar?
A primeira coisa a considerar é o valor. Após o evento de apresentação do produto, a gerência da Transire se empolgou com o sucesso e decidiu focar exclusivamente em vender unidades, conforme relatado na entrevista do Flow (disponível no fim do texto).
Qualquer outro objetivo foi completamente descartado, e a única ordem era vender, vender, vender — sempre com lucro. Isso levou ao preço anunciado no final de novembro de 2024, que nem era o real. Os R$ 3.299 nunca foram o valor verdadeiro, e o suposto desconto para R$ 2.699 nunca existiu!
Quem acreditou na Tectoy foi enganado descaradamente. O problema é o valor? Sim, em parte. E dava para consertar isso? Sim, se a Tectoy tivesse seguido os planos originais e criado uma loja para vender jogos brasileiros, garantindo seu lucro ali.
As empresas que tem console sempre trabalham com subsídios em seus consoles e seus lucros reais sempre são nas vendas dos jogos em suas lojas. Vender hardware puramente só compensa quando se tem um produto próprio, coisa que a Tectoy nunca teve, pois comprava de terceiros.
A única forma que eu consigo perceber aqui para consertar alguma coisa é, lance o Zeenix Pro a um preço competente. Se lançar por R$ 4000, R$ 5000, R$ 6000 não irá vender, primeiramente porque não é um produto premium e, segundamente, esses valores são equiparáveis com o PlayStation 5 Pro, Xbox Series X e, provavelmente, Switch 2.
Sem contar que seria melhor comprar um notebook gamer do que comprar um Zeenix Pro, se ele, por algum acaso, vier a ser lançado.
Algo mais?
A Tectoy precisa decidir: ou abandona o mercado de jogos eletrônicos, ou aproveita os planos da ex-equipe Zeenix para tentar sobreviver. Criar uma loja virtual para jogos brasileiros, oferecendo as mesmas condições do Steam, GOG e Epic, garantiria que os jogadores possam baixar seus jogos mesmo após o fim da loja.
Uma loja brasileira daria mais visibilidade para os diversos jogos nacionais, já que muitas desenvolvedoras usam o itch.io para lançar jogos completos ou demos, ou recorrem ao Steam.
A Tectoy já teve grande importância no mercado de jogos eletrônicos brasileiro, mas hoje não passa de uma sombra do que foi no passado.
O Zeenix provou definitivamente que a empresa é completamente desorganizada, tanto na gestão quanto na execução. Com uma estrutura engessada e antiquada como a da Tectoy/Transire, o fracasso do Zeenix era praticamente inevitável.
Infelizmente, mais uma vez o mercado gamer brasileiro não avançou com um PC “nacional”, que jamais chegaria à meta de um milhão de unidades vendidas, como a Tectoy planejava.