
Uma cobertura deliciosa sobre um bolo solado e sem sabor.
Texto por Black Materia
Para fazer um bolo, todos nós sabemos que precisamos seguir uma receita e possuir os ingredientes corretos, o mesmo pode ser dito de um bom shmup.
Não quero dizer que seja fácil, mas existem elementos essenciais para que esse tipo de jogo flua e te dê prazer em jogar. Uma boa jogabilidade, gráficos e principalmente uma boa música, pra começar.
História e conceito
Macross Shooting Insight foi lançado em março de 2024 para PC, PS4, PS5 e Nintendo Switch e é um jogo baseado no anime Macross.
Basicamente trata-se de um game padrão de nave, onde escolhemos entre 5 pilotos e suas respectivas naves, além de contar com uma breve descrição da história de cada um e a ficha técnica das aeronaves.
Jogabilidade
Logo de cara me causou estranheza a proporção da tela ser 16:9 para um shmup vertical, dessa forma encurta o tempo de reação para desviar dos tiros, causando até uma sensação de claustrofobia.
Mas depois dos primeiros minutos, minha nave se transformou em um robô e a gameplay mudou para um modo com a tela fixa e uma movimentação livre (não deu nem tempo de me acostumar com o primeiro modo!).
Essa tônica de mudanças se dá até o fim do jogo, mudando muitas vezes a gameplay, não permitindo que o player se aperfeiçoe em nenhuma delas, ou goste de uma mas não desfrute o suficiente.
A Comunidade Mega Drive fez uma live do jogo onde vocês podem averiguar a jogabilidade.
Gráficos
Os gráficos são bonitos, mas nada extraordinário para um shmup atual. A minha maior queixa fica por conta dos cenários EXTREMAMENTE repetitivos! Repetitivos ao ponto de às vezes achar até que eu não estava passando de fase.
Geralmente um fundo fixo, com lixo espacial pra confundir tua cabeça na hora de desviar dos projéteis. Não sei dizer se foi preguiça ou os devs tinham um deadline a cumprir. Enfim, assim o jogo foi lançado.
Acessibilidade e progressão
No meio desse caos de lixo espacial e fundo genérico, a jogabilidade é lenta e conta somente com a mecânica do barrel roll pra desviar dos tiros.
Os upgrades de tiro são obtidos somente subindo level, coletando cristais que dropam dos inimigos (por que diabos não colocaram os itens flutuando na tela como sempre foi?).
Eu não reclamaria se não fosse uma tarefa morosa, já que eles enchem pouco a barra. Uma ideia de progressão ruim pra um gênero que tem uma receita quase infalível.
Trilha sonora
A trilha sonora é o ponto forte do game.
Recheado de músicas cantadas e ótimas composições, são o ponto fora da curva e até motivador pra quem já estava com dificuldades de continuar a gameplay.
Conclusão
Cheguei ao final da jornada embalado pelas canções que, infelizmente, o restante dos outros aspectos do game não acompanham. Não é um jogo difícil se você seleciona o modo de recuperação boost (que sua nave se recupera sozinha), mas se torna muito difícil no modo padrão.
Não há um meio-termo pra quem busca desafio sem arrancar os cabelos. Utilizei apenas duas das cinco naves disponíveis e, depois de toda essa repetição, não me senti instigado em jogar novamente para conhecer as outras.
Nem mesmo pra ouvir novamente as boas composições ou jogar outros modos. Talvez esse game seja muito mais interessante pra quem acompanha o anime, pois há artworks e um bom conteúdo de pano de fundo do tiroteio espacial.
Em um aspecto geral, é um game mediano, que você claramente percebe um potencial, mas que falha ao tentar inventar a roda em um gênero que, em muitos casos, menos é mais.
Macross é aquele bolo solado e duro com uma boa cobertura, mas que, se você estiver com fome, vai comer.
A Comunidade Mega Drive recebeu uma chave de Macross para o review do jogo