Inspirado nos misteriosos Espelhos de Kozyrev, Kozyrev Horrors é um jogo de terror psicológico em primeira pessoa que leva o jogador a uma dimensão mental após um experimento desastroso.
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Desenvolvido pelo estúdio curitibano Catsprout, formado por apenas duas pessoas, o jogo é uma estreia ambiciosa que mistura conceitos reais e ficção para criar uma experiência experimental.
O jogador assume o papel de Irina, uma cientista disposta a enfrentar os perigos de uma realidade alternativa para salvar seu colega Viktor. Apesar da premissa intrigante, o jogo luta para transformar seu potencial em uma experiência envolvente e assustadora.
História e Ambientação
A narrativa é um dos aspectos mais interessantes do jogo. Inspirado nos estudos do cientista russo Nikolai Kozyrev, que postulava que o tempo era uma força maleável, o jogo explora os efeitos de espelhos metálicos especiais. Segundo Kozyrev, esses espelhos poderiam alterar o tecido temporal, abrindo caminho para experiências extra-sensoriais e, possivelmente, conexões com outras dimensões.
Em Kozyrev Horrors, a história se passa na década de 1990 e gira em torno de experimentos realizados em um laboratório fictício. Após Viktor, um colega de Irina, ser capturado por essa dimensão paralela, ela decide participar do experimento para resgatá-lo. Ao entrar no mundo mental, ela descobre que está sendo perseguida pelo Observador, uma entidade alienígena que protege esse território. Apesar dessa premissa promissora, o desenvolvimento narrativo não consegue aproveitar o tema para criar uma história realmente imersiva ou assustadora.
Os cenários recriam uma versão alternativa do laboratório, com elementos que reforçam a sensação de confusão mental e de que algo está muito errado. A ambientação inicial é envolvente, com efeitos sonoros e visuais que criam um clima de tensão e mistério. Contudo, conforme o jogo avança e o jogador percebe a ineficácia da ameaça, a atmosfera perde seu impacto, substituída por uma monotonia que dilui o terror psicológico.
Jogabilidade
No quesito jogabilidade, Kozyrev Horrors segue um formato tradicional de survival horror: exploração de cenários, resolução de enigmas simples e fuga de um inimigo persistente. Contudo, as mecânicas não são bem executadas e deixam a desejar.
O Observador, principal antagonista, deveria ser a grande fonte de tensão, mas falha em cumprir esse papel. Sua inteligência artificial é inconsistente, e ele raramente representa um perigo real. Frequentemente, o Observador fica preso em objetos do cenário ou perde o jogador de vista facilmente. Mesmo quando o captura, a ausência de penalidades significativas elimina qualquer sensação de perigo ou urgência.
Outro problema é a simplicidade dos desafios apresentados. Os enigmas são fáceis e não oferecem qualquer dificuldade substancial, enquanto a ausência de combate limita as opções do jogador. O jogo tenta compensar essa limitação focando na experiência sensorial, mas não é suficiente para sustentar a imersão ao longo da campanha.
A ideia de estar preso em uma dimensão onde a única saída é escapar de um perseguidor implacável é interessante e já foi bem explorada em outros jogos do gênero. No entanto, a falta de refinamento nas mecânicas faz com que essa proposta perca sua eficácia. O resultado é uma experiência que começa promissora, mas rapidamente se torna repetitiva e previsível.
Gráficos e Desempenho
Visualmente, Kozyrev Horrors adota um estilo minimalista com ambientes escuros e efeitos de iluminação que buscam criar um clima de tensão. Esses elementos funcionam bem nos momentos iniciais, ajudando a estabelecer uma atmosfera intrigante e misteriosa. No entanto, à medida que o jogador percebe que o Observador não representa uma ameaça real, o impacto visual se enfraquece.
Além disso, o jogo sofre com sérios problemas de otimização. Travamentos, quedas de desempenho e bugs visuais são comuns, mesmo em máquinas que superam os requisitos recomendados. Durante as perseguições, o Observador frequentemente trava em objetos do cenário ou simplesmente deixa de seguir o jogador, o que destrói qualquer sensação de ameaça.
Potencial e Limitações
O conceito de Kozyrev Horrors é rico e repleto de potencial. A ideia de explorar teorias científicas pouco convencionais e aplicá-las a um jogo de terror é inovadora e certamente desperta curiosidade. Para jogadores que gostam de histórias que misturam ciência e ficção, a premissa é suficiente para manter o interesse inicial. No entanto, o desenvolvimento não consegue atingir o nível de profundidade esperado. A narrativa é linear e rasa, enquanto as mecânicas de jogo carecem de polimento e inovação.
Embora a Catsprout tenha acertado na escolha do tema e na ambientação inicial, os problemas técnicos e a falta de refinamento na jogabilidade impedem que o jogo alcance seu potencial. A ausência de uma IA competente para o Observador é um ponto particularmente crítico, já que ele deveria ser a principal fonte de terror. Sem essa ameaça constante, a experiência perde muito de sua força.
Considerações Finais
Kozyrev Horrors é uma tentativa interessante de misturar ciência, ficção e terror psicológico em um jogo de estreia. Apesar de sua premissa intrigante e de um início promissor, a experiência é prejudicada por problemas técnicos, jogabilidade limitada e uma narrativa que não explora totalmente seu potencial. O jogo funciona como uma prova de conceito para o talento e a criatividade do estúdio Catsprout, mas ainda precisa de ajustes significativos para se tornar uma experiência memorável.
Para fãs de terror psicológico e de conceitos científicos incomuns, o jogo pode valer a pena pela curiosidade e pela exploração de um tema pouco convencional. No entanto, para quem busca uma experiência de terror mais polida e desafiadora, Kozyrev Horrors pode acabar decepcionando. Com mais tempo e recursos, a Catsprout tem o potencial de criar jogos que aproveitem melhor suas ideias criativas e entreguem experiências mais impactantes no futuro.
A Comunidade Mega Drive recebeu uma key do jogo para review.
