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Zeenix Lite e Tectoy decepcionam!

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Eu já havia avisado. Quando os primeiros rumores sobre o Zeenix surgiram, lá por outubro do ano passado, logo disse: Isso não vai acabar bem. Desde o fim da SEGA, o que a Tectoy fez de realmente bom? Apenas trazer e revender produtos White Label?

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Ah, é verdade, teve o Mega Drive 2017. A última interação significativa entre a SEGA e a empresa, que só não foi um desastre completo por conta do esforço dos fãs. Se não fosse por eles, esse teria sido um dos piores produtos já lançados pela Tectoy, talvez até superando o próprio Zeebo. E não, o MD 2017 não é um bom produto – nem para colecionar e muito menos pelo seu valor histórico.

E sobre o Zeebo, bom, nem vale a pena entrar em detalhes. Aquilo foi o prego final no caixão de uma empresa que já estava em seus últimos momentos. Com uma dívida milionária de R$ 240 milhões, resultado de empréstimos mal geridos, a Tectoy estava à beira do colapso até a Transire entrar no jogo e assumir os negócios da antiga representante da SEGA no Brasil.

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Mas não é exatamente sobre isso que estamos aqui, certo? A questão é outra. Estamos falando do momento de completa desconexão da Tectoy com o seu público, um público que, mesmo assim, continuava fiel, apoiando a empresa e alimentando esperanças. Esse mesmo público que, por anos, clamou por um Master System Mini, um Sega Saturn Mini ou até mesmo um Dreamcast Mini, sem perceber que a Tectoy não mantém mais nenhum vínculo com a SEGA. É também o público que acreditava que o Zeenix poderia ser a salvação da empresa, imaginando que ela entraria em pé de igualdade com gigantes como Valve, Lenovo e Asus, só para citar alguns nomes do mercado atual de PCs portáteis.

Esse mesmo público, agora, parece sentir-se enganado, ludibriado, traído. Tudo isso após o anúncio oficial do Zeenix Lite – nem mesmo a versão Pro, veja bem – que terá seu pré-lançamento em 22 de novembro de 2024. Ou, dependendo de quando você estiver lendo este texto, esse pré-lançamento já pode ter acontecido. E aqui está o detalhe mais impactante: quem optar pela pré-compra nesta data só receberá o produto até 60 dias depois – ou seja, apenas em 2025. Inacreditável, não é?

O silêncio

O Zeenix, no caso o PC portátil, foi apresentado ao público brasileiro no dia 22 de junho de 2024, por meio de um vídeo de estreia no YouTube, como vocês poderão conferir abaixo deste parágrafo. Na mesma semana, o produto pôde ser visto e testado em primeira mão na Gamescom Latam – oportunidade que aproveitei para experimentá-lo, deixando aqui meu review completo sobre o dispositivo.

Depois de passarem uns dois meses investindo em um ARG para gerar algum hype em torno do produto – uma tentativa de envolver o público em enigmas e pistas – o que tivemos foi uma aula prática de como não se faz marketing. Em um dado momento, as informações simplesmente não levavam a lugar nenhum, graças a um erro grotesco envolvendo um endereço de Google Drive mal configurado. E o grande prêmio final? Participar de uma lista VIP para receber informações exclusivas sobre o Zeenix que… nunca chegaram! Um espetáculo.

Após a gamescom latam, em julho, veio outra promessa: uma série de lives mostrando os jogos que rodariam bem nas versões Pro e Lite do Zeenix. E o que aconteceu? Apenas uma live. Isso mesmo, uma única transmissão, cheia de problemas técnicos e que foi tão desastrosa que a ideia foi abandonada antes mesmo de engrenar.

O mês de julho mal havia acabado – ou melhor, ainda estávamos na metade – quando a Tectoy entrou em completo silêncio. Nada de novas atualizações sobre o Zeenix ou qualquer outro produto da linha. O silêncio reinava absoluto nas redes sociais da empresa, enquanto os envolvidos no projeto optavam por não falar absolutamente nada, alegando tratar-se de um “segredo industrial” que, convenhamos, todo mundo já sabia. Para coroar a confusão, começou o discurso de que qualquer preço elevado seria culpa do dólar, como se isso fosse novidade.

A situação, que já não cheirava bem, começou a feder de verdade. Chegou agosto: silêncio total. Em setembro, o único som foi o do anúncio do PlayStation 5 Pro pela Sony – com preço e data de lançamento revelados – enquanto a Tectoy sequer mostrava a caixa do Zeenix. Finalmente, em outubro, houve algum movimento durante a BGS. Chamaram alguns veículos de imprensa para ver o produto de perto, mas, é claro, sem revelar uma data concreta de lançamento. Tudo o que se dizia era que sairia “no final do ano” – algo que já estava óbvio desde a gamescom latam porque havia recebido a informação por lá, mas sem data precisa.

Somente em novembro a movimentação ficou mais séria. Mas, sejamos francos, depois de quatro meses de completo silêncio, qualquer produto perde relevância, o hype evapora, e o interesse do público simplesmente morre.

O Ressurgimento com decepção

Chegamos, então, ao tão esperado mês de novembro. Diversos influenciadores e sites jornalísticos finalmente puderam colocar as mãos no Zeenix – em segunda mão, claro, porque em primeira foi lá na gamescom latam, em junho. E, como era de se esperar, e os artigos foram um show de pelanca.

“Ahhh, o produto é ergonômico, o Zeenix é maravilhoso, vai valer a pena!” – diziam os artigos. E foi nesse momento que minha sobrancelha quase saiu do rosto. Como pode algo “valer a pena” se nem o preço foi divulgado? Isso mesmo, nenhuma informação sobre o valor do produto até as 10h da manhã do dia 22/11/2024!

Perdoem-me, mas textos como os do Canaltech, Adrenaline e outros veículos que embarcaram nessa onda soam, no mínimo, traiçoeiros. Dizer que o Zeenix é bom sem nem ao menos contextualizar com preço ou comparar de maneira honesta é um desserviço. É evidente que ele vai entregar um desempenho inferior a qualquer notebook da mesma faixa de preço ou até mesmo ao bom e velho Switch, que ainda se encontra facilmente no mercado. Isso sem mencionar o Xbox Series S, que tem especificações muito superiores.

“Mas, mas, mas… ele é um PC portátil, não um console. Comparação injusta!”, dirão alguns. Ok, vamos lá: ele também vai performar pior que o Steam Deck, um dispositivo que já está há mais tempo no mercado, com uma base consolidada e que custa praticamente o mesmo que a Tectoy está pedindo pelo Zeenix.

E qual é esse valor?

R$ 3.300,00! E olha que, “graças” à Black Fraude – quer dizer, Black Friday – ele sairá por “apenas” R$ 2.700,00. É isso mesmo. E essa promoção pode ser conferida no perfil oficial do Zeenix, como podem ver abaixo.

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Quando li esse preço no Jornal Valor Econômico, confesso que não consegui conter o riso. Mas rir muito mesmo, sem sentir a menor pena daqueles que aplaudem uma empresa que insiste em dizer que vai “colocar o Brasil no mapa da indústria de jogos eletrônicos” e, pasmem, afirma que pretende vender 1.000.000 (um milhão) de unidades do Zeenix em apenas 12 meses.

Sonhar alto? Claro, todos podem e devem. Mas a Tectoy parece estar voando tão alto que falta oxigênio no cérebro de quem imaginou isso. A ideia de alcançar números tão grandiosos enquanto oferecem um produto mediano a um preço que parece ter sido calculado com base no valor do ouro beira o delírio.

Desde o início, eu já vinha avisando que o Zeenix seria caro. Afinal, todos os produtos da Tectoy pós-2001 seguem essa mesma lógica de preços absurdos e, por consequência, expectativas igualmente irreais.

Agora o flop

Todos os sites jornalísticos da área gamer parecem ter recebido a mesma informação sobre os preços do Zeenix Lite. Afinal, logo após as 10h da manhã, uma avalanche de portais começou a divulgar os mesmos valores. Aparentemente, a Tectoy não se deu conta de que isso poderia arruinar o “impacto” do anúncio oficial, programado para as 18h. Ou talvez tenha sido apenas mais uma falha da agência de marketing, que definiu um embargo mal calculado para as 10h desta sexta-feira, 22/11/2024.

Independentemente de qual tenha sido a lambança, a “cagada” já está no vaso e à vista de todo mundo. Agora, o público já sabe o preço sugerido, o preço promocional e, claro, pode até especular sobre os valores absurdos que provavelmente serão cobrados pelos acessórios – teclado, mouse e controle – também sob a marca Zeenix.

E usar influenciadores para tentar convencer jovens adultos a comprar o Zeenix Lite? Boa sorte. Este produto não é nem pensado para esse público. A própria Tectoy tem como alvo crianças de 6 a 10 anos, mas o problema é que o Zeenix Lite é inútil para qualquer finalidade, seja estudo ou trabalho, sem um investimento extra em teclado, mouse, cabo USB 3.1 C para HDMI e monitor. Ou seja, no fim das contas, o custo total vai superar o de um bom notebook, que, além de fazer o mesmo que o Zeenix Lite, o faz melhor e com hardware atualizado.

Eu até gosto da AMD, mas usar um Athlon 3050e em 2024 é pedir para sofrer. Estamos falando de uma APU de quatro anos atrás, completamente defasada, que vai suar frio para rodar até jogos indies mais modernos. Dá para imaginar o processador “mordendo a fronha” e desistindo no meio do caminho.

E não vamos esquecer os generosos 8 GB de RAM, dos quais apenas 6 GB estarão disponíveis para uso. Isso, em pleno 2024, não é suficiente para rodar o Windows 11 de maneira aceitável. Nem o fato de ter um NVMe salva a situação, mesmo ajudando na paginação do sistema.

Por fim, se o Lite custa R$ 2.700, é seguro dizer que o Pro será, no mínimo, o dobro disso. Mais uma vez, Tectoy, você nunca me surpreende, mas também nunca me decepciona quando o assunto é precificar produtos de forma absurda.

Agora só quero ver o pós-venda. E as garantias? Como a empresa vai lidar quando – e não se, mas quando – começarem os problemas com esses dispositivos?

Quero só ver.

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