Em um mundo onde os poucos escolhidos com poderes mágicos são discriminados, dois magos com ideologias opostas se encontram em uma Tóquio distópica, invadida por drogas e sob toque de recolher. Em Reynatis, você verá de tudo.
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Vamos lá…
Um JRPG de ação 3D em terceira pessoa que foca na história e nos combates, desenvolvido pela Furyu Corporation e distribuído pela NIS America. Em um 2024 alternativo, a magia existe e é praticada por um número restrito de pessoas. Preocupado com esse fenômeno, o governo emite o Criminal Magic Response Act para proibir seu uso, além de introduzir o toque de recolher noturno.
Estamos em Shibuya, um bairro de Tóquio assolado pelo uso massivo de uma droga que transforma as pessoas em monstros. Nesse ambiente, uma névoa começa a aparecer, criando um portal para um mundo alternativo chamado Another, governado pela Guilda, uma congregação de magos com visões antigovernamentais que planejam um golpe de estado.
Com equilíbrios tão frágeis prontos para serem destruídos, a população que ignora o toque de recolher e passeia durante a noite pode ser o estopim. Nesse cenário, as vidas de dois magos se cruzam: Marin, que sempre foi oprimido por causa de seus poderes e agora quer se rebelar contra o sistema, e Sari, amante da justiça, ciente de que nem todos os seus colegas têm boas intenções, e por isso, basicamente a favor do CMRA. O que poderia dar errado?
Nunca fale de magia!
A história é muito envolvente, com personagens e situações que desafiam o impossível, como em todas as produções japonesas. Porém, se você acha que vai explorar Shibuya em um estilo de mundo aberto, quase como se Reynatis fosse um GTA com magias, infelizmente está enganado.
O bairro é dividido em pequenas áreas do tamanho de alguns quarteirões, onde, além de encontros roteirizados, quase nada acontece, exceto discussões com viciados e visitas a lojas para comprar principalmente itens de cura para usar nos combates.
NPCs, quase todos com as mesmas três ou quatro skins, vagam pelas ruas semi desertas, nos ignorando ou nos dando algumas missões secundárias simples. Caso revelemos nosso status de mago, eles sacam seus smartphones para nos expor nas redes sociais com uma enxurrada de indignação, pior do que tossir alegremente nos tempos da Covid.
Se nossa (im)popularidade chegar a um nível que chame a atenção do exército, um pelotão de soldados armados até os dentes aparece para nos eliminar.
Tentar enfrentá-los é inútil, especialmente nos primeiros níveis, sendo melhor se deixar matar para recomeçar com mais cautela, já que a morte não traz penalidades.
Ou, você pode usar o truque simples de mudar de área e voltar, fazendo com que magicamente as pessoas esqueçam o ocorrido e sua popularidade seja resetada. A exploração definitivamente não é o ponto forte do jogo.
Batendo no bom combate
Quando não estamos assistindo longas, mas interessantes, cutscenes ou peregrinando de um waypoint para outro, lutamos contra os inimigos. O sistema de combate de Reynatis é baseado no dualismo entre Supressão e Liberação.
No modo Supressão, não podemos causar dano, mas temos uma habilidade excepcional de esquiva: quando um ataque à distância está prestes a nos atingir, o tempo para por um instante, nos dando uma chance extra de evitá-lo.
No corpo a corpo, a câmera muda, mostrando um enorme cronômetro que, se travado no momento certo, ativa uma esquiva épica, uma técnica especial exclusiva de cada personagem, que faz o inimigo errar vergonhosamente.
Brincar dessa forma com os adversários – alguns personagens até tiram selfies antes do impacto – aumenta uma barra de ataque que, ao passarmos para o modo Liberação, nos permite contra-atacar com combos brutais, chegando a cem golpes consecutivos, além de habilidades especiais com tempo de recarga.
Podemos alternar livremente entre as duas modalidades e, após as primeiras duas horas de jogo, entre um grupo de três personagens, totalizando seis estilos de combate.
Junto a isso chefes gigantescos e uma IA decente que move os inimigos para tentar nos cercar e manter distância, tornando os combates sempre empolgantes.
Pontos positivos e negativos
Um dos pontos mais fracos de Reynatis é, sem dúvida, o visual. Os gráficos remetem aos tempos de PlayStation 2 ou ao início da geração PlayStation 3, o que causa estranheza, especialmente considerando o poder das plataformas atuais, como o PlayStation 5 PRO.
Embora os personagens principais sejam bem feitos no estilo Bishōnen, os modelos são lowpoly, com texturas simples, o que acaba deixando o jogo aquém do esperado tecnicamente.
A diferença entre os personagens principais e os secundários é gritante, com muitos NPCs importantes parecendo animados como se fossem modelos de PlayStation 2, o que quebra a imersão durante os diálogos.
As animações de combate são um pouco melhores, mas sempre que o jogo foca nos rostos dos personagens, a simplicidade fica evidente.
As cutscenes, por sua vez, são extremamente básicas, frequentemente cortando para o preto ou mostrando os personagens assistindo eventos que ocorrem fora da tela, o que revela a falta de animações.
Apesar de Shibuya ser bem modelada, já vimos essa representação de forma superior em outros jogos, o que faz com que ela não se destaque tanto.
No entanto, a trilha sonora se sobressai, sendo um dos pontos mais altos do jogo. Composta por Yoko Shimomura, é envolvente e eleva a experiência de Reynatis, compensando parcialmente os problemas visuais e mantendo a atmosfera interessante durante a jogatina.
A Furyu nunca focou em aspectos técnicos, então, certamente, Reynatis não é o jogo que você mostrará aos seus amigos para exibir a potência do console. No entanto, ele consegue contar histórias envolventes para quem tiver paciência de segui-las.
Conclusão
Reynatis comete o erro cardinal de lembrar os jogadores de outros jogos melhores. Desde o conceito até a jogabilidade, o jogo se assemelha a uma versão menos envolvente de The World Ends with You.
Há poucos elementos que fazem Reynatis se destacar, e diversas escolhas de design deixam os jogadores confusos. Embora alguns possam encontrar diversão, isso só acontecerá se já tiverem experimentado suas melhores inspirações.
Apesar disso, Reynatis oferece uma história interessante e combates intensos, com um sistema de dualismo entre defesa e ataque que exige habilidade, especialmente nas batalhas contra chefes gigantes.
No entanto, a exploração de Tóquio e do mundo paralelo Another deixa a desejar, funcionando mais como um simulador de caminhada do que uma experiência envolvente.
Em resumo, Reynatis pode atrair quem busca uma trama rica em personagens carismáticos e bons combates, mas peca ao se comparar constantemente a jogos que já fizeram melhor.
O jogo está disponível para Nintendo Switch, PlayStation 4, 5 e PC Steam.
A COMUNIDADE MEGA DRIVE RECEBEU UMA KEY PARA O REVIEW DO JOGO.