E temos aqui um entre diversos outros Metroidvania que vem tentar se destacar das muitas opções que temos presentes para as plataformas atuais. Awaken: Astral Blade, fica com um pé naquilo que conhecemos e no outro pé naquilo que já sabemos!
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A beleza na escuridão
Assim que o jogo começa, Horace Island se revela como o cenário da nossa aventura. Você assume o papel de Tania, uma garota biônica enviada por seu pai, Dr. Herveus, para investigar o local. Embora, nas etapas iniciais, a floresta tropical de Horace Island pareça vibrante e convidativa, a escuridão espera logo adiante.
Logo nos primeiros passos, encontrei alguns dos inimigos comuns que o jogo oferece. E, apesar de serem chamados de “comuns”, esses inimigos não têm nada de ordinário. Com uma arte excepcional e grande resistência, os inimigos em Awaken: Astral Blade são um verdadeiro espetáculo visual. Confesso que, algumas vezes, morri por estar muito distraído com a qualidade da arte ao meu redor.
O design artístico de Awaken é visualmente impressionante, com detalhes intrincados de fundo espalhados ao longo do caminho. Vale a pena reservar um momento para admirar tudo. Além disso, o design das armas de Tania, assim como suas diversas skins e estilos de cabelo, trazem à mente alguns dos personagens biônicos mais famosos.
Assim que vi Tania, lembrei-me de Alita e EVE. Honestamente, ela é significativamente diferente de todas as outras personagens biônicas que já vi em outros jogos ou animações, o que agrega muito valor ao design do jogo.
Falando em atitude focada, combos e habilidades, Tania é cheia de surpresas. E o design artístico do jogo exibe isso de forma impecável. Passei muito tempo explorando mais do mundo apenas para apreciar o design, e a cada esquina havia uma coleção de flores, tijolos ou até arbustos esperando para serem cortados. E, enquanto você admira o belo design, Horace Island guarda seus próprios segredos.
Uma Ilha Repleta de Mistérios
Por trás das paletas vibrantes de flora e fauna, escondem-se os mistérios mais sombrios que você deve desvendar como Tania. Explorando mais fundo na floresta, enfrentei bions mutantes e outros inimigos mortais. Ao avançar, encontrei as antigas ruínas da Cidade de Jacha, uma civilização perdida e supostamente extinta. Lá, os jogadores também descobrem o Altar Real, coração da energia de Karpas, que marca o início da busca de Tania para desvendar seus segredos e descobrir sua própria origem.
Sim, você vive a história de origem de Tania e todos os segredos além do Altar. Ao longo da jornada, encontra Cythna, um holograma que tenta guiá-la em direção à sua verdade. Ali, você também descobre sobre Tania No.103, percebendo que não é a única Tania. A partir desse ponto, o foco do jogo se volta para desvendar a verdadeira identidade de nossa personagem principal.
Esse é um dos elementos principais que amei no jogo. Além do enredo envolvente e da reviravolta chocante, adorei vários outros aspectos do jogo. Parabéns à Dark Pigeon Games pela narrativa fantástica! Claro, não darei mais spoilers, mas a história por si só é um excelente argumento de venda se você quer saber o que acontece com Tania e suas verdadeiras origens.
No entanto, quando pensei que tinha terminado, descobri que Awaken: Astral Blade possui vários finais. Sim, uma inovação para um jogo no estilo Metroidvania. Esse elemento, por si só, é um incentivo para o jogador retornar ao jogo. Quer mais? Vamos falar sobre a exploração e o combate.
Exploração que Prende, mas é Pouco Criativa
A exploração é um dos elementos que inicialmente incentiva o retorno ao jogo. Em Awaken: Astral Blade, você encontra diversos caminhos para explorar e acumular valiosos Éteres. No entanto, o design da exploração acaba sendo linear demais para um título com componentes metroidvania.
Apesar da presença de múltiplos caminhos e a possibilidade de perder upgrades de armas ou flores de Éter se não investigar além de um aparente beco sem saída, raramente é necessário pensar profundamente sobre para onde ir ou o que fazer. Os obstáculos parecem mais decorativos do que desafios autênticos, muitas vezes não aproveitando as habilidades adquiridas para promover uma resolução criativa de problemas.
Apesar disso, o jogo oferece puzzles opcionais que, embora não sejam muito complexos, trazem uma leve camada de desafio e exigem mais reflexão do que os obstáculos da história principal. Esse aspecto adiciona uma dose de diversão, mas o foco em plataformas e os desafios principais acabam sendo previsíveis e pouco inventivos.
Combate: Simples, Mas Repetitivo
O sistema de combate em Awaken: Astral Blade é direto, mas peca pela repetição. Tania inicia com uma espada básica e alguns combos padrão que podem se desdobrar em ataques especiais, dependendo da sua precisão de tempo. No entanto, as variações são limitadas e, apesar de ganhar novas armas, como uma foice, um tentáculo biónico e um enorme martelo, o combate logo se torna previsível.
Cada arma adiciona um estilo diferente com combinações únicas e pode ser usada conforme o tipo de inimigo, permitindo alternâncias rápidas entre elas para evitar a repetição, mas a falta de diversidade nos inimigos compromete a experiência. A frequência com que certos tipos de inimigos aparecem torna os confrontos muito parecidos, forçando o jogador a repetir os mesmos combos e estratégias.
Ainda assim, o combate se destaca nos chefes. Apesar de suas opções limitadas de ataque, os chefes oferecem um desafio decente nas primeiras tentativas, exigindo compreensão das mecânicas básicas para alcançar a vitória. Os sistemas de parry e esquiva trazem um toque de recompensa, ainda mais aprimorado pela árvore de habilidades.
Nela, você pode desbloquear melhorias ativas e passivas, como o Parry, que facilita contra-ataques, e o Quick Rise, que permite se levantar rapidamente após um golpe. Essas habilidades tornam as batalhas mais dinâmicas, especialmente contra inimigos mais fortes.
Narrativa e Apresentação
A narrativa e a apresentação visual têm altos e baixos. A trama de Tania em busca de sua identidade é intrigante, mas o enredo em si avança de forma inconsistente, e os relacionamentos e o cenário não são introduzidos com clareza. A dublagem em inglês é um ponto fraco, soando forçada e sem vida, o que prejudica a imersão. No entanto, opções de dublagem em chinês simplificado e russo podem melhorar a experiência para alguns jogadores.
No geral, Awaken: Astral Blade apresenta uma jogabilidade e design de personagens visualmente atraentes, mas a sensação de vazio em certos modelos e ambientes pode ser decepcionante. Em contraste, a trilha sonora cria uma atmosfera sombria e envolvente que se alinha bem ao clima do jogo. As facetas “soulslike” de descanso para reanimar inimigos e itens de cura recarregáveis também estão presentes, o que pode atrair fãs do gênero.
Personalização e Dificuldade
O jogo permite evoluir as habilidades de Tania através da árvore de habilidades, onde você pode ajustar ataques, defesa e atributos conforme sua estratégia. Essa personalização dá ao jogador a liberdade de decidir entre fortalecer-se para enfrentar os chefes com facilidade ou mergulhar direto na história. Para jogadores que buscam um desafio mais equilibrado, Awaken: Astral Blade também oferece três níveis de dificuldade, permitindo ajustes conforme o progresso.
Esses elementos agregam valor à experiência de combate, especialmente nos momentos em que o design de combate brilha, ofuscando momentaneamente suas limitações.
Conclusão
O jogo diverte num primeiro momento, mas para quem já é versado nos Metroidvania da vida, sabe o que está por vir em cada passo do jogo. Não que não haja surpresas, já que narrativas acontecem em várias mídias e algumas coisas podem surpreender, mas a parte mais importante, que é a exploração, é desafiador, mas nem tanto.
O jogo se encontra atualmente nas plataformas PlayStation 4, PlayStation 5 (via PlayStation Store) e no Windows através do Steam.
A Comunidade Mega Drive recebeu uma key para o review do jogo.