Os anos de 1990 foi a década que surgiram as mais diversas publicações relacionadas a jogos eletrônicos. Quem viveu a época pode acompanhar revistas como Ação Games, Videogame, Supergame e GamePower. E o nascimento da Gamers Book!
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Os anos de 1990
O mundo das publicações de videogame não se resumia apenas à Ação Games e à Videogame. Em 1994, um marco importante aconteceu: a Super Game e a Game Power, duas revistas da Editora Nova Cultural, se uniram para dar origem à SuperGamePower. Essa fusão resultou em uma publicação gigante, que logo se tornou referência no mercado, competindo lado a lado com a Ação Games e deixando a Videogame, que já apresentava sinais de desgaste, para trás.
Enquanto isso, a Editora Escala entrava em cena com a Gamers, uma revista derivada da Progamers. Apesar de um começo com visual questionável, a Gamers conquistou seu espaço com o tempo, se tornando o refúgio ideal para os jogadores que buscavam análises profundas e “detonadas” dos games.
União e rivalidade:
SuperGamePower: Unindo o melhor da Super Game e da Game Power, a revista se tornou referência em cobertura de diversas plataformas, com análises precisas e traduções de revistas internacionais.
Ação Games: Conhecida por sua linguagem irreverente e humor ácido, a Ação Games era a favorita dos jogadores que buscavam descontração e entretenimento.
Em busca do “detonar”
Gamers: Com um layout aprimorado e foco em análises detalhadas e “detonadas”, a Gamers conquistou os jogadores que buscavam conteúdo aprofundado sobre seus games favoritos.
Era de ouro
A década de 90 foi marcada por uma verdadeira guerra de titãs entre as revistas de videogame, cada uma com seu estilo e público fiel. Essa disputa acirrada impulsionou a qualidade das publicações, beneficiando diretamente os jogadores, que tinham acesso a um conteúdo cada vez mais rico e informativo.
Era digital e o legado
Com o advento da internet, as revistas impressas perderam espaço, mas seu legado permanece vivo na memória dos jogadores que viveram essa época áurea. A SuperGamePower, Ação Games e Gamers marcaram gerações e ajudaram a moldar a cultura gamer no Brasil.
Debulhar? Que diabos é isso?
Debulhar, também podemos dizer detonar, esmiuçar, destrinchar. Enfim, ter a possibilidade de ler a revista e ter todas as dicas e passos-a-passos para que você conseguisse fechar, finalizar ou zerar o jogo.
Diferentemente da Ação Games ou da SuperGamePower que tinham, no máximo, uma edição com umas duas, três e, no máximo, umas cinco páginas para esmiuçar um jogo, a Gamers pegava alguns títulos e chegava ao ponto de traduzir palavras em japonês para o bom jogador entender.
Um dos jogos que eles tiveram todo um trabalho de dar dicas e um detonado completo foi Parasite Eve que, se eu não me engano, foi até dividido em duas ou três edições com o máximo de detalhe possível.
Este nível de dedicação colocou a Gamers num patamar diferente da Ação Games e da SuperGamePower, se especializando nesta seara, mas sem deixar de dar informações do que acontecia lá fora.
Havia um público para detonados!
A editoria da Gamers provavelmente vendo o sucesso da revista por conta dos diversos detonados e detalhes que a publicação criava para o seu público, deve ter resolvido dar um passo adiante e, assim, veio a ideia de criar a Gamers Book.
Muito além de uma revista de videogame, a Gamers Book foi uma publicação que teve oito edições e cada uma delas era dedicado a um jogo somente para detonar.
A 1º Gamers Book foi dedicada ao Final Fantasy VII; a 2ª foi sobre o 007 – Goldeneye para o Nintendo 64; a 3ª foi sobre Breath of Fire III para o PSX; a 4ª foi sobre The Legend of Zelda – Ocarina of Time; a 5ª foi sobre Metal Gear Solid; a 6ª e 7ª foram sobre Xenogears; e a 8ª e última foi sobre Metal Gear Solid 2.
As capas estão na capa do artigo.
Destas, tive a primeira, terceira e a quarta, acabei parando de comprar porque a Gamers fez uma cagada no detonado do Breath of Fire III, onde, de repente, o detonado ficava todo mal diagramado e, por fim, parava faltando umas 10, 20 páginas para finalizar o jogo.
Para remediar isso, eles continuaram o detonado na quarta edição, mas o dano já tinha sido feito. Foi prometido um detonado na Gamers Book 3, mas o resto dele só sair na outra edição de um jogo que eu não tinha interesse de jogar?
Aí veio a edição 6 que foi dividida em duas partes de Xenogears, obrigando o leitor comprar a sétima edição, isto não foi uma prática que agradou muitos jogadores naquela ocasião.
Muito além dos detonados
Uma coisa que também ficou marcante nas Games Book, é que além dos detonados que os livros traziam dos jogos dedicados, haviam também outras matérias para preencher conteúdo.
A primeira Gamers Book, por exemplo, trouxe um material bem bacana sobre Vampiro: A Máscara e, também, sobre o jogo MiB: Homens de Preto, como você pode ver a seguir.
A segunda edição trouxe, além do 007 – Goldeneye, um material sobre Magic: The Gathering e também sobre Gran Turismo, o jogo de simulação de corrida que saiu para o PSX e que, claro, todo mundo conhece!
A terceira edição é que destoou das duas primeiras, que tiveram uma boa qualidade e nem matéria extra trouxe. Teve uma seção de cartas, códigos de gameshark e foram umas 6 páginas completamente desperdiçadas pela redação da Gamers.
Desta forma, o resto do detonado saiu na quarta edição, sendo que o detonado do Zelda saiu bem bonitinho, enquanto que o resto do Breath of Fire III foi uma das coisas mais horrorosas em uma publicação que eu vi na minha vida.
E as demais edições seguiram apenas o detonado, me fazendo perder o interesse nelas como um todo.
Uma ´publicação interessante
No mais, a Gamers Book preencheu um buraco no meio de publicações gamers que fazia falta. A última que eu me lembro que fez algo parecido foi a Videogame com o detonado de Super Mario Bros. 3.
Esse estilo de publicação é bem comum nos EUA e no Japão e ter algo deste naipe no Brasil foi algo bem interessante de acompanhar. Mas, assim como as demais publicações, acabou tendo um fim melancólico.
E aí, qual Gamers Book você curtiu? Você ainda tem alguma guardada ainda?
Aproveitando, vamos assistir hoje, 22/05/2024 o programa que iremos falar um pouco sobre revistas lá no Quebrando o Controle? Às 20:00.