Duas imagens interessantes sobre o provável novo “console” da Tectoy estão circulando, teoricamente, a empresa planeja lançá-lo este ano. Uma delas revela que o nome do novo “console” será Zeenix.
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O nome Zeenix é interessante e sugere uma fusão entre o fracassado Zeebo – que tentou competir com o Sony PlayStation 2 em termos de valor – e a palavra Fênix, a ave mitológica conhecida por renascer das próprias cinzas.
Conceitualmente, a ideia por trás do nome não é ruim, pois evoca a ideia de ressurgimento e renovação. No entanto, associar-se a um produto que foi um fracasso não é ideal.
O Zeebo teve sua oportunidade, mas devido à falta de apoio das desenvolvedoras de software, ao preço elevado e, principalmente, ao hardware limitado, é melhor seguir em frente. Assim como a Nintendo fez com seus fracassos, é hora de esquecer o Zeebo. Ele teve sua chance e já passou.
Mas o problema do Zeenix é outro
Mesmo que não houvesse uma ligação com o Zeebo, o problema maior é que houve uma promessa anos atrás por parte da Tectoy de criar um console para competir com o Xbox One e o PS4!
Esta promessa certamente poucos por aqui vão se lembrar, mas jamais se pode deixar de lado algo do tipo, principalmente porque promessa é dívida!
Este avanço significativo no hardware levanta questões. Um console capaz de rivalizar com esses dois sistemas? É uma proposta realmente viável?
Para competir com esses sistemas, é essencial contar com uma APU AMD comparável ao Ryzen Z1, ou idealmente, ao Ryzen personalizado do Steam.
Se o Zeenix seguir essa direção, seu preço provavelmente ultrapassará os R$ 2500,00, aproximando-se do custo do Steam Deck, que não sai por menos de R$ 3.000,00 no Brasil.
A presença de um chip Ryzen em uma foto que circulou sugere fortemente que a Tectoy está optando por uma APU AMD.
E mesmo sendo um APU Ryzen
Assumindo que seja de fato uma APU Ryzen, baseada no Zen 2 e utilizando iGPU RDNA 2, o console executará jogos, no máximo, a 900p – dependendo da resolução da tela.
A arquitetura utilizada se assemelha à da atual geração, mas o poder de processamento ainda será inferior ao da geração passada. Talvez, muito eventualmente, chegará próximo ao Xbox One.
Porém, surge a questão do custo. Não acredito que a Tectoy tenha recursos para investir em uma APU personalizada, como a Sony e a Microsoft. Historicamente, a empresa sempre optou por produtos prontos.
É altamente provável que este novo “console” da Tectoy seja, na verdade, algo já desenvolvido na China e, indo além, pode usar um processador ARM, semelhante ao Switch.
Acredito que teremos aqui um parente dos produtos Anbernic, que possui excelentes produtos no mercado e é uma empresa bem estabelecida em consoles portáteis.
Curiosamente, ela trabalha tanto com processadores ARM quanto com APUs AMD, neste caso, com os Athlon utilizando iGPU Vega, que têm valores mais adequados para o mercado brasileiro.
Seja o que for…
Independentemente da direção escolhida, seja um console portátil ou de mesa – embora eu duvide desta última opção – a Tectoy enfrenta um desafio significativo neste caso, principalmente em relação ao preço.
Não adianta lançar um produto poderoso, comparável ao PS4 e ao Xbox One, se o preço ultrapassar os R$ 2.000! Com essa quantia, é possível adquirir um Switch.
Da mesma forma, não adianta apresentar um dispositivo com processador ARM, usando Android para competir com produtos da Anbernic e jogos predominantemente de celular. Isso não é o que o público procura.
Além disso, há a questão da campanha #liberteoseujogo. Se o console for realmente portátil, isso faz sentido, mas ainda assim, não terá valor se não for vendido a um preço justo.
Só que…
Encontrar um valor de mercado para o produto é desafiador, especialmente no Brasil. No entanto, ter jogos é essencial para qualquer console que deseje ser lançado com seriedade. Os grandes fracassos no mundo dos videogames frequentemente resultam da falta de apoio das empresas em relação aos consoles.
Não adianta ter o apoio dos fãs ou ser elogiado pela imprensa se não houver estúdios criando jogos interessantes para o sistema. O Zeenix e a Tectoy não podem depender apenas de emulação ou da biblioteca do Steam para rodar jogos, pois já existem outros produtos para isso.
A empresa precisa contar com algo sólido e próprio. Atrair estúdios indies brasileiros e internacionais com jogos de qualidade e interesse será o verdadeiro incentivo para os consumidores.
Contar apenas com emulação de consoles antigos e uma biblioteca do Steam bem estabelecida não é suficiente. A competição é acirrada e isso apenas mostrará que o produto é mais do mesmo.
Agora, resta aguardar os próximos passos da Tectoy, que planeja revelar o Zeenix no segundo semestre de 2024.
Minha expectativa? Sinceramente, após o histórico de uso contínuo da AtGames, de adotar celulares de outras empresas sem marca própria desde 2009, não vejo muita diferença no que a Tectoy trouxe anteriormente. Apesar das vendas de ser um produto brasileiro – algo que até agora não vimos -, é provável que esse produto não seja diferente dos anteriores.
O único aspecto brasileiro será a embalagem, o manual e o carregador de celular para o console, quando a bateria acabar. O restante virá da China, queira você ou não.
Resumindo, não estou botando fé neste “console” depois do histórico dos últimos 20 anos da Tectoy como importadora de produto de terceiros.