A postura da Nintendo em relação à emulação sempre foi rígida. Segundo a empresa, se você está baixando e jogando jogos de fontes não oficiais, você é um pirata de software. Menos a Nintendo usando ROM.
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“É simples assim e não está aberto a debate”, diz seu FAQ corporativo.
E no entanto, aqui está uma coisa. Se você baixar a versão Wii de Super Mario Bros. usando o Virtual Console, há evidências sugerindo que a Nintendo pode ter realmente reutilizado uma ROM copiada ilegalmente e depois vendido de volta para nós. Certamente isso não pode ser o caso. Certo?
Acompanhe-me no vídeo abaixo enquanto investigamos por nós mesmos.
Mas como foi possível identificar a ROM?
E com o cabeçalho .NES sendo uma peça crucial nesta história, pensei em explicar como exatamente conseguimos verificar sua existência em nossa cópia digital de Super Mario Bros.
Embora o Nintendo Wii permita transferir arquivos, incluindo jogos, para um dispositivo de armazenamento externo, ele garante que o dispositivo seja formatado de forma a torná-lo muito difícil de ser lido em qualquer coisa que não seja um console Nintendo. Como resultado, precisávamos usar um Wii modificado “homebrewed” que seria capaz de copiar esses mesmos arquivos evitando o processo de formatação em si.
Abaixo uma imagem para averiguação:
Como você pode perceber, estávamos principalmente examinando arquivos .app e, para isso, utilizamos um editor hexadecimal para explorar os dados binários. Com base na palestra de Frank Cifaldi na GDC, sabíamos que um cabeçalho .NES deveria estar localizado em ‘00000001.app’, então começamos por lá. Realizamos uma busca rápida no arquivo (CTRL+F ‘NES’) e logo o encontramos.
O cabeçalho .NES, originalmente criado por Marat Fayzullin para seu emulador iNES, é utilizado para fornecer aos emuladores o contexto necessário para recriar uma configuração de hardware que mudava com cada cartucho. Encontrá-lo nesta versão de Super Mario Bros. publicada pela Nintendo pareceu um sinal de que estávamos seguindo na direção certa.
É Nintendo, sua safadenha!
Neste ponto, entrei em contato com Fayzullin, fornecendo a ele os arquivos que obtivemos. Ele então comparou isso com vários ROMs piratas de Super Mario Bros. encontrados online e descobriu que o conteúdo do ROM era idêntico.
“Há diferenças mínimas entre as cópias do ROM”, explicou Fayzullin. “Dependendo da versão do cartucho e de como foi extraído. Se você perceber que seu arquivo .NES NÃO corresponde a nenhum dos encontrados online, é provável que seja uma cópia deles próprios. Eu extrai o conteúdo do ROM do arquivo Wii que você me enviou e de fato corresponde ao arquivo .NES encontrado online.”
Como você viu no vídeo, pedimos um comentário à Nintendo sobre essa história, e embora ela tenha negado o uso de ROMs baixados da internet, optou por não explicar essas peculiaridades.
Emulação. É complicado.
Texto original: Eurogamer
Imagina só: você tem um Wii, Nintendo DS, Wii U, 3DS ou Switch e em algum momento comprou o Super Mario Bros. 1 no E-shop da Nintendo. Até aí tudo bem, certo? Está adquirindo um jogo original da empresa.
Mas e se esse jogo tiver sido extraído de um cartucho deles há décadas atrás e a Nintendo simplesmente copiou o arquivo e colocou à venda? O que você diria? Quer dizer, caçar sites de roms e emuladores é permitido, porque emulação é algo ruim e precisamos nos proteger.
E, para completar, vamos vender as mesmas roms que estamos impedindo vocês de terem de graça. A mesma rom que alguém extraiu décadas atrás. Isso podemos e vamos fazer, e, claro, você vai pagar caro por isso!
Os famosos dois pesos e duas medidas das empresas como a Nintendo, mais uma vez fazendo diferença.