Nasci nos anos 1980, então posso afirmar com certeza que não pude desfrutar dos fliperamas nesta década marcada onde em diversos locais do país tivemos muitos jogos de arcade, entre originais e outros tantos bootlegs. Minha experiência nos fliperamas se deu mais na década de 1990, mais precisamente por volta de 1990 e 1991.
.
Outra coisa que posso afirmar categoricamente é que não posso comparar minha infância e minha experiência nos fliperamas com aqueles que viveram na década de 1980 ou nos anos 2000. Cada um teve uma experiência muito pessoal e que simplesmente não se compara.
Acredito que se tivesse nascido nos anos 1970 teria aproveitado muito – se a grana permitisse – tudo aquilo que os jogos eletrônicos vieram a oferecer na década seguinte e, com certeza, teria muitas histórias para contar de minhas experiências nestes arcades, talvez até algo bem divertido, como alguns amigos meus têm.
Mas não estamos aqui para isso, claro né? Estamos aqui para que eu possa compartilhar uma lembrança que tenho muito viva comigo até hoje. Apesar de não ter jogado os grandes clássicos dos anos 1980 em seu lançamento ou os famosos bootlegs naquela época, muitos deles eu vim a descobrir nos anos 1990. Joguei muito Pole Position, Rally X, Elevator Action, Space Invaders e Pac-Man. Tive o privilégio de ir a shoppings – no caso era o Iguatemi, lá em Fortaleza – e ter parentes que compravam as fichas para mim.
Num dado momento, este shopping recebeu uma expansão e o local onde ficavam os fliperamas mudou, e nessa mudança houve uma renovação nos títulos. Entraram Street Fighter II, Moonwalker, TMNT The Arcade Game e o Turtles In Time, uma máquina de X-Men, outra do Homem-Aranha, Daytona USA, Rad Mobile e uma que a lembrança ainda permeia minha mente.
Era uma máquina completamente branca e que tinha um buraco no lugar de uma tela. Ao passar por trás de alguém jogando, eu vi as imagens meio transparentes, como se a tela não estivesse bem ajustada.
Curioso, me aproximei mais, só que a imagem tinha ficado ainda pior e eu não entendia aquilo. Como é que se joga onde quanto mais próximo da tela, pior a imagem fica? Foi então que a pessoa terminou de jogar, saiu e eu fiquei em frente da máquina e pude ver que eram PESSOAS! O único jogo que eu tinha visto algo digital foi o Pit-Fighter.
O que mais me impressionou, além de ter um filme ali passando na “tela“, foi o fato de o mesmo ter reflexo e a máquina não ter TELA! Minha cabeça explodiu. Eram ali bonecos que a gente controlava? Foi então que, num impulso de criança, pulei em cima da máquina – e tive a sorte de não ter ninguém por perto – e tentei pegar os “bonecos” e foi aí que percebi que era algo diferente!
Não eram bonecos, não havia tela, era algo criado no ar. Alguns meses depois, na revista Videogame, havia a explicação do que era o Time Traveller, o segundo jogo holográfico criado pela SEGA! E anos depois vim a entender como a SEGA foi uma das empresas que mais inovou no meio dos arcades.
Vários jogos me marcaram muito, mas o Time Traveller explodiu minha cabeça porque, sério, HOLOGRAMA…