Quem joga esporadicamente consoles da SEGA conhece seus principais sistemas: Master System, Mega Drive, Sega Saturn e Dreamcast. Nessas plataformas, nos deparamos com inúmeros jogos, muitos memoráveis, alguns clássicos absolutos e outros que não se encaixam nessas categorias, mas a SEGA não se resume a esses quatro consoles. Tem o Game Gear.
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Antes de entrar no mercado de consoles de mesa em meados de 1983 com o SG-1000, a SEGA já era uma empresa que trabalhava na área de entretenimento, lançando jogos eletromecânicos. Ela se tornou uma das principais no ramo dos arcades no Japão e nos EUA, competindo de igual para igual com empresas como a SNK, Irem e Capcom.
Quando a Nintendo lançou seu console portátil Game Boy em 1989, a SEGA não ficou para trás e lançou, em 1990, o Game Gear. Este portátil era bastante diferente do monocromático da Nintendo, possibilitando a reprodução de cores em sua tela e até mesmo a visualização de TV com um adaptador próprio, o TV Tuner. No entanto, devido a essas características, ele consumia bateria de forma voraz, como um rato devorando queijo.
Ao contrário do NES e do Master System, não havia contratos de exclusividade nos portáteis. Inicialmente, a competição entre as duas empresas poderia ter sido mais intensa, mas nesse período ainda tínhamos a presença da Atari com seu Lynx e da NEC com o TurboExpress. Esse início dos portáteis eletrônicos foi um dos melhores momentos do mercado, oferecendo uma grande variedade de dispositivos para os diversos tipos de consumidores.
Mas vamos ao que interessa? Abaixo estão cinco jogos do Game Gear que merecem ser jogados.
Ristar
Um belíssimo jogo desenvolvido originalmente pelo estúdio Sonic Team para o Mega Drive, Ristar chegou ao portátil da SEGA pelas mãos competentes da Biox, uma desenvolvedora que a SEGA contratava naquela época para portar alguns de seus títulos para o seu portátil. Ele foi lançado no ano de 1995 tanto no Japão quanto na Europa e nos EUA.
Considerando as diferenças de hardware entre o Mega Drive e o Game Gear, Ristar consegue trazer de maneira competente a jogabilidade do jogo original, sua trilha sonora e o desafio crescente.
O título em si é uma daquelas pérolas que surgiram no fim da vida útil dos dois sistemas. Para os fãs da empresa ou para aqueles que gostam de jogos de plataforma, foi uma delícia na época desfrutar desta pequena maravilha.
O estilo do jogo lembra um pouco o personagem Kirby, criado pela HAL Laboratory e pertencente à Nintendo, e isso não é de forma alguma algo ruim. Na verdade, a comparação é mais do que justa.
Ristar é um personagem com grande potencial para ser um ótimo mascote. Ele é aquele título que merece ser jogado e completado por aqueles que amam jogos de aventura.
Vampire – Master of Darkness
Uma das questões críticas em relação ao Master System e ao Game Gear foi a falta de alguns títulos clássicos que estavam presentes no NES. No entanto, devido aos contratos de exclusividade, a SEGA precisava se esforçar ao máximo para oferecer aos seus fãs uma ampla variedade de jogos. Assim, para trazer um título que se assemelhasse muito ao fantástico Castlevania, surgiu o jogo Vampire: Master of Darkness. Ele foi lançado em 1992 para o Master System, no mesmo ano para o Game Gear no Japão e no ano seguinte para Europa e Estados Unidos.
As semelhanças entre os dois jogos vão além da jogabilidade: você assume o papel do psicólogo Dr. Social, que tenta derrotar o Drácula, a pessoa por trás dos assassinatos em série na cidade de Londres, atribuídos ao famoso Jack, o Estripador.
Com uma variedade de armas e habilidades únicas, o jogador atravessa cinco fases, cada uma dividida em três estágios. No final de cada um, há um chefe a ser derrotado, culminando com o confronto final com o próprio morcegão.
A trilha sonora do jogo aproveita bem as capacidades do sistema, e graficamente, consegue explorar bem as cores da tela. Se você é fã de jogos de vampiro e está ansioso para afundar os dentes em mais alguns, Vampire: Master of Darkness é uma boa escolha!
Paperboy
Um clássico dos fliperamas desenvolvido pela Atari e lançado nos arcades em 1985, foi posteriormente adaptado para várias plataformas, sendo mais conhecido nos consoles NES, Master System, Commodore 64, Mega Drive, entre outros. Uma curiosidade interessante: a versão para o console de 8 bits da SEGA foi a primeira desenvolvida no Reino Unido.
Neste título, o jogador assume o papel de um garoto que faz a entrega de jornais diariamente em um bairro suburbano nos EUA. O desafio vai além da simples entrega, incluindo desviar de vários obstáculos e até vandalizar as casas daqueles que não são assinantes do jornal.
A jogabilidade é precisa e envolve lançar jornais de forma rápida, identificando as casas dos assinantes e evitando as dos não assinantes.
O jogo inicia com a opção de escolher a dificuldade dos níveis: Easy Street, Middle Road ou Hard Way. A partir da sua escolha, você deve entregar todos os jornais da maneira mais perfeita possível ao longo de sete dias, de segunda a domingo.
É importante mencionar que a trilha sonora não aproveita totalmente as capacidades do Game Gear e os gráficos são relativamente simples. Mesmo assim, o jogo consegue proporcionar bastante diversão para os jogadores ao entregar jornais!
Mega Man
Os proprietários do Master System enfrentaram dificuldades devido às restrições impostas pela Nintendo com seus contratos de exclusividade. No entanto, para aqueles que possuíam o portátil da SEGA, a vida se tornou mais fácil. Alguns jogos que não podiam ser lançados para o console de mesa da dona do Sonic encontraram seu lugar no Game Gear, e Mega Man é um exemplo disso.
Desenvolvido pela Freestyle e distribuído pela U.S. Gold em 1995 nos EUA, Mega Man foi baseado nos elementos dos jogos Mega Man 4 e Mega Man 5 lançados para o NES, mas apresenta algumas diferenças marcantes. Não há função de “continue”, mas é possível usar senhas normalmente. Quando se esgotam as vidas, o jogo recomeça, os power-ups pulam quando atingem o chão e há um modo de jogo mais difícil.
Os Robot Masters deste jogo incluem Bright Man, Napalm Man, Star Man e Stone Man. Mais tarde, ao chegar à metade do jogo, surgem outros dois, Wave Man e Toad Man, totalizando seis, diferente dos oito habituais que estamos acostumados a enfrentar.
Existem outras diferenças, como os efeitos sonoros dos tiros, saltos e power-ups, que são diferentes da versão do NES, não conseguindo replicar completamente a experiência do jogo na plataforma Nintendo. No entanto, o desafio é tão elevado quanto nos jogos provenientes do NES.
Para aqueles que desejam experimentar o título Mega Man em uma plataforma SEGA, o Mega Man para o Game Gear é uma excelente opção. Vamos salvar o mundo do Dr. Cossack e do Dr. Wily mais uma vez?
The G.G. Shinobi
Este título é imprescindível para qualquer dono de Game Gear. G.G. Shinobi foi produzido e distribuído pela SEGA em 1991 no mundo todo, e mais tarde ganhou uma versão para o 3DS Virtual Console em 2012.
O jogador assume o controle de Joe Musashi, o protagonista dos jogos anteriores, em uma missão para resgatar quatro de seus companheiros que foram sequestrados pelo inimigo. Após resgatar cada ninja, o jogador pode controlá-los individualmente, aproveitando suas habilidades únicas para derrotar o mal que ameaça Neo City.
O jogo é baseado na jogabilidade de The Revenge of Shinobi, um game lançado para o Mega Drive, com a diferença de que o jogador pode alternar entre os ninjas, escolhendo aquele que melhor se adapta a cada situação.
Com um visual bem trabalhado para um portátil e uma jogabilidade coesa, o destaque do jogo está justamente nesse sistema de troca de personagens e em sua trilha sonora, que evoca os melhores momentos do Master System. O jogo apresenta um nível de dificuldade considerável.
Além disso, um título que começa com o jogador em alta velocidade numa autoestrada, onde um ninja habilidoso e sagaz precisa pular de veículo em veículo, merece várias horas de atenção por parte dos jogadores.
Então, que tal pegar nosso querido Game Gear, procurar algumas fitas por aí e aproveitar alguns dos ótimos títulos disponíveis para o sistema? Vamos lá!
Texto original: Tectoy