Existem aqueles títulos que acabamos vendo no Steam, GoG ou Epic. Apenas pelo título, imaginamos ser apenas mais um jogo qualquer de tempos medievais que não trará nada de novo. Foi aí que conheci The Iron Oath.
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O título foi financiado coletivamente no Kickstarter em setembro de 2017, com 3.835 apoiadores contribuindo com US$ 94.524 para a Curious Panda. Após seis anos, o jogo finalmente foi lançado no Steam em 1º de novembro de 2023.
Anteriormente, o título estava em Acesso Antecipado, permitindo que os interessados pagassem para acessá-lo e testá-lo durante seu desenvolvimento pela empresa.
Mas afinal, o que é o The Iron Oath? Primeiro, vamos à história:
Na primeira era, a humanidade era jovem e vulnerável. Então vieram os Deuses, que compartilharam sua sabedoria e conhecimento. Os Deuses protegeram a humanidade da ameaça dos Corrompidos, e eles prosperaram.
Entretanto, com o passar do tempo, os Deuses também se foram. Foram substituídos por um grande ser das trevas; um que trouxe apenas morte e doença para a terra. Aqueles afligidos pela sua corrupção perderam suas mentes, seus corpos e suas almas, tornando-se lentamente abominações da carne e excluídos da sociedade.
No entanto, na esteira dessa tragédia, heróis começaram a surgir, assumindo o manto deixado vago pelos deuses. Eles defenderam o reino com suas vidas por séculos, mas eventualmente também desapareceriam. Assim, a humanidade perdura, aguardando novos heróis surgirem, que talvez possam pôr um fim ao sofrimento que os assola há tanto tempo.
Uma frágil paz agora existe entre as facções do mundo. A cada poucas décadas, o dragão (cujas origens exatas permanecem um mistério) emerge de seu sono no Vazio, retornando ao reino e infligindo sua doença sobre as pessoas. Aqueles afligidos são conhecidos como os Corrompidos, e eles lentamente se transformam em abominações agressivas que frequentemente são então rejeitadas, excomungadas ou mortas.
Uma típica história das tragédias humanas, podemos assim dizer sobre o The Iron Oath. Para quem é fã do gênero pode ser até algo interessante. Este reviewer que vos fala acha bem bacana essas histórias e isso só demonstra o quanto se pode criar tendo uma boa criatividade.
E foi nesta criatividade que o The Iron Oath se destaca.
Livro Jogos
Os livros-jogos das editoras brasileiras foram uma parte memorável da infância e adolescência para quem viveu nos anos 90. Eles consistiam em várias pequenas aventuras onde o leitor podia escolher caminhos e tomar decisões para o “personagem”.
E é exatamente isso que se percebe logo em The Iron Oath. Parece que os desenvolvedores pegaram os conceitos dos livros-jogos, horas e horas de RPG e muito AD&D para criar a narrativa do jogo.
Você assume o papel de líder de uma organização de aventureiros que busca vingança após escapar de uma emboscada. Mas não é simplesmente seguir de um ponto A a um ponto B. Durante essa jornada, há uma janela com as conversas dos personagens e suas ações, junto com o cenário, música de fundo e efeitos sonoros.
Às vezes, pensamos que apenas imagens em CG, live action ou animações podem destacar uma história, mas, neste caso, funciona maravilhosamente bem apenas com texto. Ele automaticamente transporta para aquelas partidas de RPG dos anos 90.
No Cingir da Batalha
The Iron Oath é um título de estratégia belíssimo. Ele evoca jogos como Final Fantasy Tactics, Tactics Ogre e Hoshigami: Ruining Blue Earth, mas traz uma abordagem única por ser um jogo ocidental.
O cenário é totalmente em 2D e, conforme a câmera se move e com as dicas fornecidas pelo jogo, o jogador consegue ter uma ideia de como liderar a batalha, utilizando armas, escudos, ataques físicos e magia.
As batalhas seguem um sistema por turnos para cada personagem, e na parte superior da tela, é mostrado antecipadamente quando cada combatente, seja aliado ou inimigo, irá agir.
Se você jogou algum dos três títulos mencionados anteriormente, não terá dificuldade em encontrar o ritmo certo e desenvolver táticas para derrotar os inimigos na tela.
A Exploração do mundo
O mundo está dividido em 9 regiões, e dentro delas, o jogador pode explorar um total de 50 cidades. Ao longo do jogo, o jogador explora cada uma dessas regiões, conhece os territórios, enfrenta inimigos e, nas cidades, recebe missões para avançar.
Isso remete às campanhas dos RPGs de mesa e também às missões dos RPGs eletrônicos, como Mass Effect, Fallout 4, Final Fantasy Tactics e Elder Scrolls. Para quem curte jogos com missões (ou subquests), The Iron Oath é uma ótima escolha.
As missões são essenciais porque você precisa de dinheiro, e o dinheiro que você recebe é utilizado para pagar equipamentos e salários para sua equipe! Sim, você precisa pagar seus companheiros. Afinal, não estamos em um mundo de fantasia onde todos trabalham de graça, não é mesmo?
Além das missões, nas cidades você pode descansar, comprar equipamentos, contratar pessoas e aprender mais sobre o mundo ao seu redor. Os detalhes refinados do jogo são muito interessantes.
Badalos dos cancioneiros
A trilha sonora do jogo está em sintonia com a atmosfera criada pela Curious Panda. Com partes tranquilas, como na cidade, festivas e até mesmo lúdicas, e em outros momentos, como nas batalhas, sendo conduzida de forma envolvente.
Assim como na trilha sonora, os efeitos sonoros também foram cuidadosamente incorporados pela empresa, especialmente – e esta parte que me chamou a atenção – durante a leitura do texto. Efeitos como o desmoronamento de cavernas, o som de flechas voando e outros detalhes mais, fizeram-me sorrir e estimularam a imaginação.
Um trabalho bem executado pela Curious Panda.
Estratégia nos negócios
Não é apenas durante as batalhas que a estratégia é importante. Saber gerenciar seu negócio ao comprar, vender ou reparar equipamentos, lidar com pagamentos de funcionários e negociar itens é essencial.
Além disso, considerando que cada personagem tem sua história e importância, trabalhar com os equipamentos e habilidades deles também é crucial. Nesse aspecto, o jogador mergulha profundamente no microgerenciamento.
É um prato cheio para aqueles que apreciam ter controle absoluto sobre os personagens em um RPG tático.
Alguns elementos mais
Progressão do Tempo: O tempo passa conforme você navega pelo mundo. Seus personagens vão envelhecer e o mundo ao seu redor mudará dinamicamente por meio de vários eventos.
Personagens e Desenvolvimento Únicos: Cada personagem recrutável tem sua própria história pessoal, incorporando eventos que ocorreram durante o seu jogo. Sua personalidade está sujeita a mudanças à medida que suas carreiras progridem. Com base em suas características, eles vão interagir e conversar entre si, além de oferecerem suas opiniões sobre quaisquer decisões que você enfrentar. Conforme ganham experiência e sobem de nível, você pode personalizar cada classe ao aumentar suas habilidades para desempenhar diferentes funções.
Decisões Importam: Você será confrontado com muitas escolhas ao longo de sua jornada. As escolhas têm consequências e podem ter influência menor ou maior em seus personagens, sua empresa e no próprio mundo.
Conclusão
The Iron Oath é definitivamente um jogo para os fãs do gênero tático. Porém, não é exatamente fácil logo de cara, já que seu sistema de gerenciamento demanda um estudo mais aprofundado.
Por outro lado, suas batalhas são de compreensão mais simples. Em uma hora de jogo, quem se aventurar no desafio provavelmente pegará as nuances do jogo com facilidade.
The Iron Oath se encontra a venda no Steam por R$ 84,99.
A Comunidade Mega Drive recebeu a chave do jogo para análise do mesmo.