Sou um fã antigo da SEGA, desde que eu me conheço por gente e como jogador de videogame. Minha paixão pela empresa começou lá pelos idos de 1990 quando o Mega Drive apareceu na revista Videogame e Ação Games.
Dito isto, sou fã da empresa desde sua criação até meados de 2004, isto é, do período antes da SEGA ser comprada pela Sammy e deixar, definitivamente, o mercado de consoles.
Como admirador da empresa, sei do sucesso, entre relativos e absolutos, que ela criou ao longo das décadas pós fim do Dreamcast e de como ela se tornou uma das grandes distribuidoras de jogos lá no Japão, onde ela se concentrou em lançar os seus jogos, sejam para arcades, sejam para os consoles e portáteis.
Boa parte do meu gosto pela SEGA se deu por uma empresa que não precisa passar por mais um escrutínio de nossa parte, mas que quase todo brasileiro que teve videogame nos anos de 1990 deveria conhecer, a chamada Tectoy. Esta que representou por quase 3 décadas a SEGA aqui no Brasil.
Vieram e se foram muitos eventos de jogos eletrônicos e afins no Brasil e demorou bastante até de fato se consolidar em nosso país e esta foi a Brasil Game Show.
Ao longo dos anos de que o evento ocorrera, muitas empresas passaram sobre sua alçada, Nintendo, Sony, Microsoft, Epic, YouTube, Facebook, Capcom, Warner, entre tantas outras, mas nada se dizia sobre a SEGA, seja por qual motivo for.
Vieram os anos de 2018 e 2019 e junto a eles a Brasil Game Show e, certamente, para mim foram as melhores BGS feitas até então. Tudo estava pronto para que a 2020 viesse a acontecer, mas aí veio a pandemia e todos os evento presenciais, no planeta inteiro, foram cancelados.
Após esse período, a Brasil Game Show, assim como muitos outros eventos, voltaram a ativa. A BGS22 foi a mais esquecível de todas, literalmente – e nem pude ir por problemas de saúde, e fiquei de esperar a BGS23.
Ao longo do ano de 2023, foram anunciados os estandes e patrocinadores que iriam participar do evento e, para minha surpresa, a SEGA havia sido divulgada!
Sonhos de décadas
Desde que eu li sobre a primeira E³, isto em 1995, sempre quis poder ir para este evento maravilhoso, mais do que sorver uma quantidade inimaginável de jogos, ficar enlouquecido pelas babe booths, só a ideia de poder ir numa estande dantesca da SEGA e poder jogar Sega Saturn e seus jogos (Dreamcast posteriormente) seria um sonho realizado com todo sucesso.
Mas isto nunca veio, não houve, em nenhum momento da minha vida, a possibilidade de viajar para os EUA e, de alguma forma, poder ir a E³ e quando a SEGA saiu do cenário de consoles, o sonho, literalmente, foi morto.
E então passaram-se vários anos e a lembrança da possibilidade de ir ver a SEGA num estande minguava cada vez mais, até que sequer lembrava mais desse sonho.
Foi então, quando do anúncio da Brasil Game Show que a SEGA estaria vindo para o Brasil, o fogo reacendeu. A forma como o estande estaria disposto – de preferência do lado da Nintendo – ficou latente em minha mente até poder ir na BGS de fato e ficar à frente da estande e… ficar decepcionado.
Muito aquém do que eu imaginava
A SEGA é uma empresa com uma quantidade invejável de ips a sua disposição. Assim como a Nintendo, elas poderiam promover o antigo e o novo em seus estandes, mas preferiram fazer algo insosso, para dizer o mínimo.
No estande da SEGA haviam jogos de Persona, Like a Dragon e o recém-lançado Sonic SuperStar e isto foi devidamente frustrante. Com vários jogos a disposição, assim como uma memorabilia respeitável, optou-se pelo novo ao extremo, deixando de lado os fãs que construíram a base do que é a SEGA hoje no Brasil.
Se não fossem os fãs do Master System e Mega Drive – com a ajuda da Tectoy – certamente não haveria esse amor todo como dito por Takashi Iizuka para o Canaltech:
“A paixão que vimos no ano passado foi bem maior do que esperávamos. Quando retornamos ao Japão, já sabíamos que era preciso voltar e trazer os nossos novos títulos para serem experimentados pelos jogadores”
Sim, as filas no estande da SEGA eram intermináveis durante todo o evento. Sim, Persona, Yakuza e Sonic são as franquias mais conhecidas da SEGA nos dias de hoje. Sim, a feira está cada vez mais voltada para o público jovem. Mas eu discordo, veementemente, da aproximação em demasia do público jovem, deixando os velhacos de lado.
O que custaria a SEGA e a Nintendo manterem um mini-museu com os seus consoles a disposição para que outras gerações pudessem conhecer e jogar? Para onde foi parar o Mega Drive Mini II? E os jogos de PC que são lançados e promovidos com primor pela SEGA da Europa?
Com um estande simples, com basicamente dezenas de estações de jogos, a SEGA não veio com tudo para o Brasil. Deixou centenas de pessoas maravilhadas? Com certeza, mas, eu, fã antigo da SEGA, a única coisa que eu senti foi frustração, tanto no estande da SEGA quanto da Nintendo.
Simples assim.