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Michael Latham, o Eterno Campeão

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Michael Latham

Você conhece Michael Latham?

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Há um pouco menos de 28 anos, um título veio para o mundo dos jogos eletrônicos e criar o seu próprio terreiro num momentum que Street Fighter, Mortal Kombat e Fatal Fury eram os reis.

Das mentes criativas do estúdio SEGA Interactive, surgiu o título Eternal Champions. O jogo fora moldado pelas cabeças pensantes de Albert Co, John Kuwaye, Christopher Warner, Mark Nausha e pelo falecido recentemente Michael Latham.

Os Eternos Desconhecidos

Michael Latham
Você conhecia essa pessoa?

É uma pena que, se formos parar para analisar, muitos destes nomes que estão sendo citados acima são eternos desconhecidos no mundo dos jogos eletrônicos, provavelmente porque não se dava a importância devida a todos aqueles e aquelas que criaram tantos jogos que nos divertiram e divertem até hoje.

Poderíamos citar aqui vários nomes americanos, europeus, japoneses e até brasileiros que fizeram, ou ainda fazem, parte deste meio de produção gamer, mas para muitos, a grande maioria de nomes iria soar estranho ou completamente desconhecido.

São homens e mulheres das mais diversas etnias e idades que trabalhando para a SEGA, Nintendo, Sony, Microsoft e Thirds parties como Blizzard, idSoftware, Square-Enix, e aparecendo nos créditos dos jogos – ou, às vezes, nem isso – nos trazem tanta alegria, tristeza, ódio, contentamento e outras tantas emoções que não daria para descrever tudo aqui.

Michael Latham
Não podemos homenagear todos que trabalham nestas empresas, mas deveríamos idolatrar menos uma pessoa só.

E, ainda assim, eles seguem desconhecidos pela grande maioria de nós. Claro que tem os grandes nomes, que recebem os holofotes, mas são aqueles, o homem ou a mulher a frente de um PC por longas e longas horas para consertar algo ou para melhorar uma arte que o “diretor” não aprovou, que está ali batalhando para trazer com maestria o produto que tanto amamos.

O Lutador Eterno

Michael Latham, o designer por detrás de Eternal Champions, entrou neste mundo dos videogames trabalhando para a Rainbird Software, uma empresa co-irmã da Firebird Software, e estas faziam parte da Telecomsoft, uma divisão da British Telecom.

Ele trabalhou nesta empresa para localizar jogos de computadores para o mercado americano. Em 1988 ele foi para a Mediagenic, este foi o nome adotado pela Activision por um tempo, e lá ele serviu como produtor para jogos como Tongue of Fatman (Commodore 64, DOS e Mega Drive), Ghostbusters II (DOS | NES) e, em seguida, foi para a Sega da America, onde atuou como produtor – além de game desginer – em jogos como:

– Home Alone;

– Greendog: The Beached Surfer Dude!;

– Disney’s TaleSpin;

– Eternal Champions;

– Saban’s VR Troopers (Design original);

– Eternal Champions: Challenge from the Dark Side;

– X-Perts;

– Scud: The Disposable Assassin Credits;

– Heat Game Network (Design de redes)

Michael Latham
Alguns jogos que Michael Latham trabalhou

E o seu último envolvimento aparente com jogos foi o título Asteroid, onde foi o designer líder para o título feito sob a égide da Activision. Como podemos ver, ele era um prolífico designer de sua área. Ainda recebera, além destes trabalhos, vários agradecimentos especiais em títulos como:

– Fatal Abyss;

– Net Fighter;

– Bug Too!;

– Panzer Dragoon II: Zwei;

– Daytona USA;

– Mighty Morphin Power Ranger;

– Entre tantos outros, sendo extremamente bem reconhecido pelos seus colegas de trabalho na Sega da America, dando uma valiosa ajuda nos mais diversos projetos da empresa que fora, basicamente, a sua segunda casa no mundo dos jogos eletrônicos.

O Eterno Sonho

Havia a possibilidade de um terceiro jogo da franquia Eternal Champions aparecer no Saturn, o mesmo iria se chamar de Eternal Champions: The Final Chapter, mas fora abortado pela SEGA da America por algum motivo desconhecido.

Numa das raras entrevistas que podemos encontrar na internet, ele falou um pouco de como veio a criar o conceito original de Eternal Champions e cá está uma parte dela.

 SEGA-16: Como você veio a criar o conceito original de Eternal Champions? Qual foi a sua inspiração?

Michael Latham: … Eu já tinha feito alguns outros jogos de luta (Tongue of Fatman) e eu queria realmente criar um novo título, mas um produtor mais velho que eu na SEGA pegou o projeto antes de mim. Ele então trouxe um arcade do Street Fighter 2 para que pudéssemos estudar (e, naquela época, eu era o campeão dentre os que jogavam nela) e quando o produtor decidiu deixar de lado o projeto, Clyde – o produtor-chefe à época – deixou o mesmo comigo. E contra os desejos dele, eu comecei o design do jogo completamente do zero, coisa que eu não deveria ter feito, como, por exemplo, trazer algo de um outro projeto, no caso era o rascunho da Shadow. Eu sempre senti que os jogos de luta não tinham lá uma história boa, assim como faltava um certo desenvolvimento dos personagens, então a história dos três jogos foi sempre desenvolvida desde o começo. E eu sempre achei que os jogos de luta deveriam ser baseados em movimentos e estilos reais das artes marciais.


Uma das coisas interessantes na entrevista em questão é que o terceiro jogo da franquia fora cancelado porque a Sega do Japão não queria um outro título de luta competindo diretamente com Virtua Fighter, isto sendo confirmado pelo Michael Latham na entrevista para o site Sega-16, que pode ser acessada aqui, e, também, o site Arcade Attack.

Michael Latham
Eternal Successors, uma possível continuação de Eternal Champions

Ele ainda disse que já havia produzido 20 páginas de design quando fora avisado que o jogo havia sido cancelado, onde a história inicial já estava sendo contemplada e, pelo que o mesmo conta na entrevista, o jogo de luta iria trabalhar com o conceito de tempo real entre os lutadores.

E é uma pena que nunca tivemos a continuação e os finalmente do Eternal Champion. Em 2017 tivemos algumas movimentações por parte de Michael Latham de tentar reviver a franquia, mas ficou mais na promessa do que qualquer coisa, pois havia questões como não poder trabalhar com os personagens originais, já que eles são da SEGA.

O Campeão Eterno

E mesmo com a promessa desta possibilidade, de trazer de volta um jogo de luta que foi significativo para o Mega Drive, mesmo que o título em questão não tivera o mesmo peso que um Street Fighter ou Mortal Kombat, ficamos sequiosos para essa possibilidade, mas que agora pode acontecer, mas sem os conceitos de Michael Latham, pois, como dito logo no começo deste artigo, ele viera a falecer.

Foi no dia 10 de abril, as 9:26, através do twitter de Mike Mika, que ficamos sabendo que Michael Latham havia falecido. Sendo o mesmo replicado pelo seu colega de trabalho, e amigo, Ed Annunziata. As duas mensagens seguem abaixo.

E deixo aqui a minha despedida para o Eterno Campeão, Michael Latham.

“E, assim como ele, muitos outros pequenos grandes nomes passam despercebidos pela grande maioria, pois somos, em grande parte, irrelevantes para a mídia como um todo. Mas somos extremamente relevantes por aqueles do nosso meio.”

“Somos mais alguns na multidão, mas, assim como o Michael Latham, somos eternos, somos campeões, aqueles desafiam o lado escuro, os descartáveis assassinos sempre presentes, mesmo quando estamos sozinhos em casa, assistindo o Baloo brincando de piloto num desenho da Disney.”

Seja o que seja, Michael Latham, desafie o eterno onde quer que esteja!

 

Minha Eterna Descoberta por Alexsandro Lima

Michael Latham
Capa Ação Games

A primeira vez que eu ouvi falar sobre o jogo Eternal Champions, foi através de um amigo que tinha jogado na locadora em que aluguei a maioria dos cartuchos que joguei no meu Mega Drive.

Era início de 1994, e eu como sempre sedento por jogos de luta para o Megão, fiquei muito curioso sobre esse game que meu amigo acabara de me descrever, mesmo que de forma bem superficial. Logo depois, um outro amigo me trouxe uma revista de videogame que trazia algumas informações sobre esse jogo e algumas screenshots, mas não me recordo qual foi a revista nem a edição. 

“Alex, tinha um homem das cavernas; um lutador com a cara de peixe e um “garfo” no lugar da mão; e os gráficos são muito bonitos, bonecos grandes, etc…” Esses foram alguns dos primeiros detalhes que soube sobre o novo Eternal Champions.

Algumas semanas após essas informações, finalmente minha mãe conseguiu alugar o jogo tão aguardado.

Logo de cara eu já achei a arte da capa muito bonita. Na época eu não fazia ideia quem era Julie Bell, nem tampouco que ela era esposa do artista responsável por pintar capas de vários jogos de Mega Drive, incluindo Gynoug, Ecco the Dolphin e Golden Axe 2.

Matéria SuperGame

Ao iniciar o jogo já fiquei surpreso logo ao aparecer a logo da SEGA e um dos personagens aparecer e desferir um ataque. Depois aquela música marcante, como é o tema de abertura do Eternal Champions. Isso já me fez antes de qualquer coisa, entrar em options e procurar pelo “sound test” para poder ouvir cada faixa, e já de cara me apaixonar pela música que aos primeiros segundos captei uma inspiração oriunda de “sending all my love” do projeto Linear. Mesmo não tendo encontrado confirmação sobre isso, eu percebo uma semelhança muito grande nos timbres e samples usado nessa música.

Com relação aos gráficos, acho que até dispensa comentários. O jogo é muito bonito. Com personagens bem desenhados e num tamanho bastante considerável, trazendo uma riqueza de detalhes incrível, sem contar as animações.

Os cenários também são lindos e cheios de detalhes, realmente um trabalho visual muito bem feito.

Eternal Champions é um jogo considerado por muitos como ruim ou péssimo, mas é sabido que muito dos que tem essa opinião, sequer chegaram a dar uma oportunidade real ao game e descobrir que existe muito mais pontos positivos que negativos.

Sua jogabilidade até hoje é contestada por fugir dos “padrões” consolidados pela Capcom e SNK no universo dos Fighting Games, e nisso até concordo em parte, mas, a diferença nos comandos para os golpes especiais estranha um pouco, porém, não é tudo isso que muitos até hoje comentam nas internets.

Matéria Supergame

Infelizmente ontem fiquei sabendo do falecimento do Designer do Eternal Champions, Michael Latham. E é claro que mesmo que na época nenhum de nós, sequer tenhamos ouvido falar nesse nome, a não ser nos créditos do jogo, essa notícia deixou muitos megadriveanos tristes. Eternal Champions foi realmente um jogo que fez parte da vida de todo gamer apaixonado por jogos de luta, principalmente a sua continuação lançada para o Sega CD, e que muitos consideram muito superior ao jogo original lançado para o Mega.

Segundo Michael Latham, Eternal Champions: Challenge from the Dark Side trouxe muito do que ele queria colocar no original, porém, por conta da limitação de memória muito ficou para a continuação, já que a mídia agora era um CD com capacidade muito maior que um cartucho.

Contudo eu espero que Eternal Champions venha a ter quem sabe um sucessor espiritual feito por algum fã e que fortaleça ainda mais a memória dessa franquia.

Descanse em paz Eterno Campeão.   

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