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Digital é o futuro, já deu adeus a esse futuro?

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O futuro digital está na porta de nossas casas, mas o quão bom é este futuro? Quem me conhece, sabe que desde tempos idos – pelo menos desde 2010 – venho falando que os serviços digitais iriam tomar tudo e que, por consequência disso, o que pode ser bom, pode vir a se tornar ruim.

Sabemos que os serviços digitais vieram e acabaram por matar muitos dos serviços presenciais. Comprar livros em livrarias para que se temos a Amazon? Pedir taxi, 99 e Uber já fazem o serviço para gente com o alcance de um só dedo. CD? Temos Spotify e Deezer. E filmes? Que tal um cineminha? Disney+, HBO Go, Netflix, Prime Video, este tipo de serviço não falta. Ah, mas tem os jogos que eu posso comprar fisicamente, é, mas até quando? PSN, Live, Steam, Epic Store, cada vez mais presentes em nosso dia a dia.

E com isto cada vez mais crescente, temos o grande perigo, insidioso até, de tudo aquilo que compramos não necessariamente é nosso e se não ficarmos atentos com os Termos de Uso e conduta das empresas que tem estes serviços de distribuição digital, podemos perder tudo num piscar de olhos!

Tudo que é seu, é meu… e só.

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1984 e A Revolução dos bichos, dois clássicos de George Orwell

Você sabia que tudo aquilo que passa o cartão de crédito, débito, bitcoin ou afins na Live, PSN, Steam, Amazon e outros serviços de distribuição digital, acha que compra não é seu de fato? Você compra o direito de uso digital, ou algo parecido, onde a empresa detentora da Propriedade Intelectual ou Direito Autoral pode simplesmente apertar um botão – por assim dizer – e fazer com esse conteúdo que você tem acumulado por aí suma!

Não sabia disso? Veja aí o caso que aconteceu na Amazon, nos EUA. Segue abaixo o trecho artigo do NYTimes.com, de julho de 2009.

No livro 1984, de George Orwell, censores do governo trabalham para apagar todos os artigos de jornais que humilham de alguma forma o Big Brother, onde os mesmos, após investigação, são lançados para incinerador chamado de Buraco Mental.

Na sexta-feira (10 de julho de 2009), os livros 1984 e A Revolução dos bichos, foram jogados para o Buraco Mental, pela Amazon.com.

Numa ação que deixou muitos consumidores com raiva e gerou uma revolta massiva online, a Amazon deletou remotamente algumas edições digitais destes livros do aparelho Kindle dos leitores que compraram os livros.

Drew Herdener, um porta-voz da Amazon, disse que um e-mail foi enviado para os consumidores informando que a empresa que registrou os livros no serviço amazon não tinha os direitos autorais e distribuição sobre eles. “Quando fomos informados pelos verdadeiros donos, nós removemos as cópias ilegais de nossos sistemas e dos nossos consumidores, devolvendo-lhes o dinheiro gasto.”, ele continuou.

Mas a Amazon reconheceu que a deleção foi uma péssima ideia. “Nós estamos mudando os nossos sistemas para que no futuro não venhamos a remover os livros das contas de nossos consumidores quando algo do tipo acontecer.”, explidou Herdener.

Já imaginou? Você gastou aí dezenas, centenas ou milhares de reais, investindo pesadamente na sua biblioteca digital, mas por n motivos, todos declarados e ponderados nas Regras e Termos de Uso do serviço X, Y ou Z, podem ir para o saco sem mais nem menos.

A censura sem limite

E, claro, tem a questão que o material que você adquiriu pode mudar com o tempo. Conquanto que os materiais físicos só podem “apodrecer’ e virar pó, os materiais digitais, onde eles estão nos servidores dos serviços de distribuição digital, podem sofrer alguma mudança e/ou censura com o passar do tempo!

Já imaginou. Aquele jogo cheio de sangue, mulheres de biquini, homens com catuaba até no furico, explosões com mil ossos ou até textos intelectuais sobre o universo e uma crítica aberta ao governo A, B, A, C, A, B, B, podem ser mudados para entrarem no rigor do possível novo normal da época futura! Uma obra original tendo de ser moldada para os novos tempos e, assim, não tendo mais o ponto de vista do artista – ou dos vários que trabalharam em cima da obra – e sim das criaturas que mandam no meio.

Isto aconteceu, por exemplo, em DOOM, onde no título original, as caixas de Medikit usavam a cruz vermelha. 

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A versão original

Quando do relançamento de DOOM 3, no pacote DOOM 3: BFG EDITION, as edições de DOOM E DOOM II: HELL ON EARTH, os medikits usavam algum remédio genérico. Estranho, mas são os novos tempos!!!

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A cruz vermelha foi retirada por uma reclamação feita pela organização RedCross

De uma forma geral, isto até parece algo inofensivo, mas não o é. A mudança de qualquer obra pode ser considerada um ato de censura e não para entrar nas conformidades de uma “nova” era humana.

Cada obra, em seu tempo, deve ser analisada, vista, lida ou jogada de acordo com os padrões da época. As mudanças, por mais sutis que possam parecer ou inocentes que as pessoas querem que achemos que seja, acabam se tornando uma forma grotesca de empurrar a visão de um mundo que, não necessariamente, é aceito por todos.

As obras são seres autocontidos e não deveriam ser, jamais, manipulados para o bem-estar de uma maioria, ou minoria, por mais ofendidos que tais grupos o sejam, pois se a liberdade de expressão, de acordo com que a Lei prega, não é mantida, por que então criar obras?

A memória esquecida…

Semana passada teve o caso da Sony, que queria fechar a PSN para o PS3, PSP e PSVita. Sendo que neste caso, era o fechamento da loja, fazendo com que milhares de jogos dos três sistemas morressem no limbo.

E isso é o novo padrão. Os sistemas estão idosos, há uma procura baixa dos jogos digitais deles, mas, ainda assim, a multidão foi a loucura! Como assim vão fechar a PSN? Não posso mais comprar os jogos para eles – e a última vez que comprou vai fazer uns cinco anos -? Isto é inadmissível!

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Adeus PSN no PSP

Com todos os clamores que houve semana passada, a Sony voltou atrás, vai deixar a loja virtual aberta para o PS3 e PSVita, e só fechará o do PSP, porque é realmente um sistema que não tem mais nenhuma novidade há um longo tempo.

Mas já imaginou? Dentro de um tempo, os jogos exclusivamente digitais, vão se perder nas ondas do tempo e, por fim, ficarem completamente esquecidos, porque, por mais que queiramos que estas lojas existam por tempo indefinido, elas são custos para as empresas. Não se esqueçam que o Virtual Console e o eshop do Wii, Nintendo DS, Wii U foram fechados sem dó pela Nintendo e não houve esse alarde todo. O mesmo vai acontecer eventualmente para a PSN do PS3 e PSVita.

E os jogos ficaram perdidos para sempre.

E você sem acesso aos jogos.

Claro que isso não será agora. O DRM digital das plataformas Wii, Wii U, NDS, PS3, PSVita e PSP devem durar um bom tempo ainda e para quem comprou os jogos puramente digitais não devem perdê-los nos próximos 10, talvez 15 anos, mas e depois disso? Quais são as garantias que temos?

Eu sei que o Steam, se o serviço vir à bancarrota, teremos um tempo para baixar os jogos e fazer os backups devidos. Não sei dizer sobre a PSN e/ou a Live, mas deve ser a mesma coisa. Mas e quando os serviços forem abolidos de vez nos consoles antigos? E se não condições, naquele momento, de baixar os jogos ou não tivermos os aparelhos para tal, como fica?

E se adquirirmos os aparelhos depois, mas onde temos os jogos em nossas contas, mas o serviço está morto, quer dizer que as centenas de reais gastos nos jogos digitais irão pro saco?

Provavelmente que sim, mas este é o futuro negro que os videogames vão ser postos em breve e os consumidores, por mais que não queiram, vão acabar se resignando em ter os consoles apenas peças de plástico para baixar jogos digitais e, por fim, virarem lixo digital se as empresas não criarem um ambiente para retrocompatibilidade, que vai ser extremamente necessária neste mundo digital.

O futuro é Mad Max e ele está batendo em nossa porta.

Aproveito e deixo aqui um vídeo meu falando um pouco mais sobre.

 

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