Antes dos tempos de Actraiser…
Há muito tempo atrás, naqueles tempos verdadeiros idos, insólitos, onde os passarinhos voavam tranquilamente, você andava de pé descalço, pegava bicho de pé e sua mãe tirava com uma agulha desinfectada com o álcool e você ficava imaginando se aquele troço ficava te olhando eram bons tempos, apesar dos pesares.
Não que hoje dia seja ruim, muito pelo contrário, todas as facilidades que temos é muito melhor que antigamente, mas…
Gratas Surpresas
Não sei vocês, mas eu era um ávido leitor das revistas de videogame, conquanto que eu não era um consumidor excessivo, eu ia na banca de revista e lia as mesmas – ou roubava dos primos que compravam e assim montava a minha coleção clandestina de revistas que foi tudo pro saco depois – e ficava por isso mesmo.
O dono da única banca da cidade que eu morava – naquele tempo vivia no interior do Ceará – conhecia o meu avó e o mesmo esbanjava respeito por toda a cidade, e, assim, eu lia todas as revistas que chegavam, ao ponto que eu me sentava no chão da banca e passava a tarde toda. Claro que vez ou outra eu comprava com o troco do pão uma SuperGame ou Videogame para não dar treta pesada e toda quinzena eu comprava as Heróis, mas estou desvirtuando o assunto.
Sabemos que nos idos dos anos 1990 a internet só veio aparecer lá para 1995 e, desta forma, saber dos últimos lançamentos ficava por conta das revistas que, por vezes, tinham um atraso considerável com aquilo que já fora lançado.
E entre reportagens sobre futuros lançamentos, as cartinhas perguntando se dava para rodar Mega Drive num Atari, dicas, algumas delas fajutas e rolos e trocas onde alguém queria trocar um Atari 2600 com Pacman por um Super Nintendo com F-Zero e Super Mario World, tínhamos nestas revistas detonados.
Imagino o gigantesco trabalho de pegar um jogo do zero, finalizar pelo menos umas 2 ou 3 vezes para, depois, fazer um detonado ou debulhação do título com um fotografo do lado precisando pausar o jogo ou deixar a tela parada para o dito cujo tirar uma foto. Dou os parabéns a esses aventureiros dos anos de 1990, mas, novamente, estou desviando do assunto.
Foi num destes detonados que eu acabei conhecendo Actraiser, no qual tive oportunidade de jogar o título numa locadora em Fortaleza, 1 ano depois.
As Revistas eram verdadeiras caixinhas de surpresa e a cada edição vinham com novidades de babar os olhos, quando eu fui atrás de Actraiser tive uma…
Explosão Mental
Para quem não sabe, não conhece ou não se lembra de Actraiser, vai um resumo bem rápido, você um Deus que tem de cuidar de humanos de um planeta lá não sei aonde e se você não fizer isso rápido os demonho vão ficar com os seus fieis e vai rolar um bacanal daqueles todo cheio dos pecados e aí todo mundo vai pro inferno, mas você é um deus bonzinho que, além de incorporar uma estátua para acabar com os demonho no planeta, você ainda faz chover, plantação crescer, pessoal a fazer amor adoidado e cachorro gostar de gato.
Sim, Actraiser era, não era é, porque o jogo ainda tá por aí, um dois em um. Num primeiro momento você joga com uma espécie de anjinho e tem de entender os problemas que acontecem com os seus fiéis e achando o dito problema você vai ao plano terreno para acabar com as ameaças, usando o Modeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee 7, nossa, fiquei até zonzo.
Nas fases de aventura você é um hábil espadachim e tinha de acabar com os monstros daquela terra até chegar ao chefão da fase.
A mistura de sim com aventura faz o jogo ser um algo a parte. Naquela época eu jogava SimCity no PC e ao ver a possibilidade de, além de ser um prefeito, ir ver, com os meus próprios olhos, o que acontecia no local que eu estava arrumando era de explodir a cabeça.
Actraiser foi um dos jogos que mais me chamou a atenção naquela geração e que eu achei extremamente inovador. Um daqueles títulos que pode passar batido pela maioria de que se enchem com jogos como Sonic, Streets of Rage, Super Mario World ou Metroid e não aproveita para conhecer o resto da biblioteca dos seus consoles, pois nós sabemos que…
Existe muito mais do que se tem na superfície
Tal qual como em Actraiser, onde ao ver essa imagem que irei mostrar a seguir, que faz parte da tela do jogo e que, certamente, muitos poderiam torcer o nariz pensando: “Jogo de anjinho? Égua, mais um jogo fofinho da Nintendo. Essa empresa não se toca que eu estou cansado de jogo fofinho? Eu quero é sangue? Eu quero é Rock. Isso não é Rock não.
Oh, menino, o que é isso? Vocês beberam, foi?
O que foi que aconteceu?
Eu quero é rock, menino, isso não é rock não
Oum o que, menino, para com isso, logo
Eu quero é rock
Na na na na na na
Na na na é o diabo
A vida me presenteou com dois primos já marmanjo
Muito justo era o Augusto e o safado era o Berssange
Numa tarde ensolarada toda aquela criançada tomando refrigerante
E com a família embebedada foi mais fácil armar a bimbada
Prum recém adolescente
E, vixe, estou no devaneio de novo, vamos a imagem em questão.
Certamente ao ver essas imagens, muitos ficaram se perguntando: “certo, o que eu preciso fazer?”. Sem ler manual, em inglês – ou sem nem isso porque tínhamos muitas fitas piratas – ou sem uma revista, ficava quase impossível sair para algum lugar neste jogo, ainda bem que tinha a Revista Videogame.
Actraiser é um daqueles jogos – das centenas que existem pelos sistemas que tanto gostamos – que são muito mais que aquilo que o olho vê numa primeira piscada. Dar a chance a alguns jogos estranhos pode trazer uma experiência única para aqueles que, de fato, se interessam em conhecer os mais diversos títulos a disposição nas bibliotecas.
Este jogo explodiu a minha cabeça como poucos que existem por aí, creio que, num total, são uns 30 jogos que eu posso dizer: “jogo foda para caraio.”
Obrigado revista Videogame, por ter me mostrado esse jogo.