Polymega
Antes do pessoal achar que é uma coisa de outro planeta. O Polymega, um console multissistema que está sendo desenvolvido – ou pelo menos assim o está no papel – pela Playmaji, para que os compradores do mesmo possam rodar os mais diversos sistemas utilizando-se de módulos para rodar os mesmos.
De acordo com o site, o Polymega poderá rodar os seguintes sistemas – onde o mesmo que é compatível com 30 sistemas diferentes, mas contar região como sistema diferente é um pouco, digamos, esticar demais a verdade:
– PlayStation;
– Sega Saturn;
– Mega Drive;
– Sega CD;
– TurboGrafx 16;
– TurboGrafx CD;
– Super | Arcade CD-Rom²;
– SuperGrafx;
– NeoGeo CD;
– NES;
– Super NES;
Desta forma, dos 30 “sistemas” ficamos reduzidos a 11. Tem de ficar de olho nestas campanhas que tenham enaltecer demais o produto, onde os números gigantes chamam atenção e que pode passar desapercebido pelo gamer comum, que não se toca sobre essa diferença regional que não é basicamente nenhuma.
Ainda assim, o Polymega – até um tempo atrás sendo chamado de Retroblox – se mostra um console multissistema bem interessante. Onde, na compra de módulos separados, o jogador poderá utilizar, cartuchos, cartões e CD’s dos seus consoles – assim como os controles – num único local, com saída HDMI e – antes das mais diversas mudanças, fazer streaming para o Youtube ou para o Twitch.
Mas como todo projeto que requer de financiamento coletivo, as ideias que começam pequenas, vão se tornando cada vez maiores até que o balão estoura.
Como assim?
O Retroblox – atualmente Polymega – era para ser, inicialmente, um PC-Engine / TurboGrafx-16 que usaria um FPGA para emular as funções dos chips deste sistema.
Perainda, o que diabos é um FPGA? FPGA é um chip onde é possível programar o mesmo para simular os processos que outros chips o fazem, substituindo-os de forma bem próxima ao seu desempenho original, basicamente, imitando-os. Isto também é chamado de Emulação por hardware – é o caso do Mega Drive 2017, pois utiliza-se de um SoC, System on a Chip, para emular os chips existentes no console original da SEGA.
Desta forma, ao pensar em desenvolver um PC-Engine com FPGA, a pessoa por detrás, Bryan Bernal, do que viria a se tornar o Retroblox – e, depois Polymega, porque ele queria, na verdade, acabar um problema que aconteceu com ele – e que acontece com muitos jogadores ao redor do mundo.
Ele havia viajado para o Japão e encontrou um PC-Engine, tentou ligar na sua TV de 50″ de LED e a imagem ficou horrível. Para arrumar teria de comprar um upscaller de qualidade e gastar mais uma nota e no final do processo acabou gastando mais do que se divertindo.
Nas conversas que teve com um amigo, acabaram idealizando um sistema que poderia ser compatível com uma miríade de sistemas, não apenas mais o PC-Engine e, assim, o projeto Retroblox nasceu e disto veio outras ideias, entre elas ter uma loja própria e transmissão ao vivo.
E o que aconteceu?
O processador ARM 4-Core Rockchip RK3288 de 1.8Ghz que seria utilizado foi substituído por um Intel CM8068403377713 Dual Core, com instruções x86 (G5500T @3.2Ghz), assim dando mais potência ao sistema e os módulos serão divididos naqueles que terão, internamente um FPGA para auxiliar na emulação e outros que vão funcionar somente via emulação.
Antes disso, havia uma explicação de como as coisas seriam efetuadas via FPGA e, basicamente, a palavra mágica era: emulação híbrida. Onde, resumidamente, ele dizia que os dados dos jogos não iriam para a memória do sistema, e sim para a magia negra dentro de cada FPGA que interpretaria os dados e jogaria para a base os processos já mastigados. E a parada não é bem assim. Para uma melhor leitura sobre emulação híbrida.
Fui procurar mais a respeito deste processador e o mesmo é um Pentium Gold G5500T que foi lançado em 2018 e o seu valor de venda é em torno de US$ 75,00. O mesmo possuí dois núcleos, mas pode trabalhar com 4 threads, dando uma performance interessante ao sistema, aliado a uma GPU Intel UHD 630.
Em alguns canais no YouTube foi verificado que a UHD 630 roda títulos como Battlefield 1, 1080p, tudo no low, a uma taxa de fps de 23; Witcher 3, mesma resolução, tudo no low, a 19 fps. Desta maneira, acredito, que esta GPU aguenta bem a emulação de sistema como PSX, N64, Dreamcast e, até mesmo, PS2 sem grandes problemas.
De acordo com o site NintendoLife, o módulo do Famicom terá um FPGA embutido, se a meta do mesmo for alcançada, enquanto que o SNES, NES – que é meio sem lógica, porque NES e Famicom são o mesmo sistema -, TurboGraFX-16 e o Mega Drive não terão um FPGA embutido, sendo que a SNES poderá ter algo do tipo no futuro.
Quando você percebe que o projeto que começou pequeno, vai se tornando grande, e tem várias funcionalidades perdidas, é fato de que algo muito errado está acontecendo. Talvez os custos começaram a ficar fora do anormal. Talvez a programação de FPGA não fosse tão simples assim. Talvez ABACABB.
Estes projetos que começam, desde já, com uma pré-venda disfarçada de financiamento coletivo, de um produto que vai satisfazer a gregos e troianos é algo para se levantar a orelha, PRINCIPALMENTE, quando se tem apenas uma promessa sem um produto funcional desde o primeiro contato.
Ah, mas saiu um vídeo legal de um cara trocando os módulos e jogando.
Até agora eu não vi nada neste vídeo. Fundo preto, sem uma mesa para refletir o que está na tela e a parte que mostra algumas funções do produto são “capturadas” direto do console, é algo para ficar falando: “isto está estranho.”.
Bem, pode ser que eu queime a língua, e o Polymega realmente venha a ser um produto fora de série, que vá usar muita emulação e vai deixar o FPGA de lado – o mais provável que vá acontecer. Mas pelo valor cobrado MAIOR que os consoles atuais, mesmo com todos os módulos deixando o sistema bem compatível, não é algo que, creio eu, vá fazer lá muito sucesso.
Fico com um pé atrás principalmente porque o site não parece conter nenhuma imagem real do produto. Tudo montado para ser lindo e maravilhoso, mas que parece foto de mulher pelada na Playboy, onde até arrancam o umbigo com o Photoshop.
Ainda assim, o Polymega parece ser algo interessante, pois reunir tudo numa máquina só, poder utilizar dos cartuchos, CD’s e cartões – assim como os controles compatíveis com os sistemas – é algo interessante, principalmente para aqueles que tem em casa apenas televisões com saída HDMI ou que não aceitam mais resoluções menores que 480p, algo cada vez mais comum nos lares.
Vamos ver se este console saí da pré-venda, fazendo o sucesso devido – assim como mantendo suas promessas – ou se será mais um Ouya, Zeebo e outros que foram prometidos e só fizeram isto, promessas.
Mas, para finalizar, este produto não é novo, foi mostrado em 2017, como consta aqui, como aqui. Temos algumas promessas que ficaram para trás aqui. Então é bom ficar de olho aberto sobre este produto.