Num passado já bem distante, mais exatamente em novembro de 1990, houve a sugestão pela EGM que a SEGA estaria trabalhando num sucessor do Mega Drive, onde o mesmo viria a ser chamado de Giga Drive, um provável console com o poder de fogo da System 32, a placa de arcade que a SEGA estaria usando na ocasião.
Muitas revistas, entre 1990 até meados de 1993, ficaram especulando sobre a possibilidade da SEGA estar trazendo um sucessor do Mega Drive e que o mesmo seria baseado nesta placa de arcade. Claro que havia uma grande possibilidade, já que o Mega Drive era uma versão “piorada” da System 16 e, neste interim, o NeoGeo apareceu para mostrar ainda mais como era possível ter um console com o poder de arcade – mesmo que a valores exorbitantes.
A SEGA sendo a rainha de arcades que era na época – e frente ao seu tempo – tinha todas as possibilidades de fazer isto acontecer, pois era um passo lógico, na verdade. Que melhor maneira de ter um público fiel senão usando a sua principal placa de arcade para portar os seus jogos famosos? Estes como Alien³ The Gun, Burning Rival, F1 Exhaust Note, Golden Axe: The Revenge of Death Adder, Jurassic Park, Rad Mobile e Spiderman eram um dos já bem conhecidos pelo público.
Naquele momento, os poligonos ainda estavam longe de serem a tecnologia do futuro, Virtua Racing, na Model 1, só viria a ser lançado em 1992 e, por quanto, o impacto visual ainda era regido pelos pixels que faziam todos os jogadores a ficarem grudados em jogos como Street Fighter II, Cadillac & Dinosaurs, entre tantos outros. A curto prazo era o caminho mais “correto” a se seguir.
Claro que se o Giga Drive fosse compatível com a System 32, a mesma perderia algo que se não foi tão popular para a sua época é algo que se discute bastante hoje, que seria a sua retrocompatibilidade, já que o Mega Drive usa um processador MC68000 enquanto que a System 32 o seu processador principal é um NEC V60, mas nada que a inclusão do MC68000 não resolvesse a questão, como, de fato, foi “confirmado” que isto aconteceria na EGM 33, como vocês podem conferir na foto abaixo. Fato interessante, existia a possibilidade do mesmo rodar CD!
Ainda assim, apesar desta possível perda, era algo a se considerar. De um lado tínhamos a Atari com o seu Phanter, um console de 16-bit que veio a se tornar o Jaguar, com os seus “poderosos” 64-bit. A Nintendo não dormia e ali, secretamente, já estava investindo na capacidade do seu console de rodar CD – coisa que a SEGA também já estava trabalhando para o seu Mega Drive – e outras empresas também seguiam no embalo de lançar consoles nos próximos anos.
Com o mercado japonês “perdido” para a NEC e para a Nintendo, no europeu dominado pelos computadores pessoais e nos EUA onde a Guerra contra a Nintendo se tornara o ponto-chave de sobrevivência da SEGA, planejar desde cedo pela dominação do mercado era administrativamente coerente, pena que não foi algo que saiu como planejado e o Giga Drive não veio a ver a luz do dia.
Já imaginaram se o Giga Drive tivesse sido lançado em 1992, capaz de rodar cartuchos do Mega Drive, ou não, mas compatível com o Addon SEGA CD? Já imaginaram que com o poder bruto do Giga Drive poderíamos ter jogos como Virtua Racing, Virtua Fighter rodando nativamente sem a necessidade de chips auxiliares? E que jogos como The King of Fighters, Marvel Super Heroes, Doom, Megaman 8, Metal Slug poderiam rodar no sistema com uma qualidade ímpar?
Fico aqui pensando, ainda, se o console fosse capaz de rodar os jogos do Mega Drive, a possibilidade de implementar código nos jogos do 16-bit da SEGA e quando o mesmo fosse colocado no Giga Drive pudesse rodar com uma qualidade melhor? Assim como aconteceu entre GameCube, Wii e Wii U – o mesmo acontecendo com o GameBoy, GameBoy Advance, Nintendo DS e Nintendo 3DS -, ter esta retrocompatibilidade poderia ser algo interessante.
Sem precisar investir no 32X e, tão pouco, no Sega Saturn – já que em 1992 a Sony sequer estava pensando em lançar o Sony PlayStation e sim o Nintendo PlayStation -, talvez a SEGA iria ter uma história bem diferente daquilo que teve agora. O mundo dos games poderia ser outro e, até mesmo, os jogos poligonais só viriam a se tornar fato lá para idos de 1998, 1999, com o sucesso cada vez maior das Model e as apostas neste modelo de empresas como a id software.
São muitas as possibilidades, mas, claro, fica apenas o ato da imaginação sobre a questão. Mas que eu gostaria de ter visto um Giga Drive em ação, ahhhh, como eu gostaria!
