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Não sou o rei de nada e nem preciso.

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Uma coisa é certa, estou vendo vários títulos por aí, Rei de sistema tal, colecionador de marca tal, acumulador de franquia tal, parece até algo interessante, mas tudo o que percebo por aí são apenas títulos vazios que, na prática, não servem de nada além de preencher o vazio constante das pessoas que procuram por auto-afirmação.

Por que precisamos destes títulos?

Entender o porquê precisamos destes títulos é algo de suma importância e, ao mesmo tempo, não é nada de especial. A vontade do ser humano em ser reconhecido por algo fora do comum, ou de destaque, vem dos tempos que o primeiro homem das cavernas tinha duas pedras ao invés de uma – claro que isto é uma divagação da dicotomia sobre a humanidade, mas, vamos lá, dê um desconto -, onde, ali, no seu poder de acumulação, demonstrou ser “mais melhor que os demais”.

A súbita possibilidade daquele ser poder demonstrar por razão fortuita de ter duas pedras ao invés de uma mostra o quanto o ser humano precisa preencher um vazio imensurável que existe nele por mais que não queiramos encarar este espaço não preenchível.

De acordo com o site Pensar Contemporâneo:

Como sugeriu Platão, o nosso espírito é uma caverna, o que falta ao homem é eternidade. Os indivíduos são seres vazios. Vivem na busca de preencher seu mundo interior com algum entretenimento ou com algum objeto. Todo seu sentido interno se expressa pelo sensível e pelo concreto. Buscam preencher sua interioridade com todo tipo de banalidades.

E é por estas banalidades que o Rei, o Colecionador, o Imperador, o Acumulador surge por aí, para ser um título vazio de um vazio que persiste por um tempo sem fim em todas as pessoas.

E daí que eu sou o Rei?

O problema não é o acumular, nem tão pouco mostrar uma vasta coleção deste ou daquele objeto e nem de se achar melhor que os demais, o que está em questão é que estes títulos só demonstram o quão pequena é a mente daquela pessoa, mas, em boa parte, pessoas tem as mentes pequenas.

Tendo como cenário uma vasta estante com os mais diversos jogos, livros, revistas em quadrinhos – muitos deles sequer abertos – o que temos, atualmente, é um mundaréu de pessoas que se jogam neste universo geek para tentarem se tornar algo para um punhado, dezenas, centenas ou até mesmo milhares de pessoas e, assim, se tornarem alvo de um afeto que eles não conseguiram ter se fossem pessoas “comuns”. Ser visto, ser comentado – ser até mesmo odiado – faz com que estas pessoas se sentirem um pouco menos vazias e, assim, preenchem uma parte daquilo que lhes falta, se sentindo “completas” por quanto, mas isto acontece por quanto tempo?

O problema em si não são os seguidores – muitas vezes pessoas que são tão obtusas que acreditam em qualquer coisa que estes acumuladores, estes Reis ou imperadores falam -, mas por quantas vezes estes que tem um alto número de pessoas que os seguem, assistem ou leem falam absurdos que passam a ser verdade?

Temos vários exemplos nos mais diversos nichos, onde estes grandes Senhores, donos do conhecimento absoluto, vacilam com suas informações desinformadas, repassando conhecimento – ou a falta dele – para um quão sem número de pessoas que, ou tem preguiça de pensar, ou fazem questão de não pensar.

E daí que eu sou Rei? Problema nenhum até que você lava as mãos por suas inconsequências.

Tem algo a ser feito?

Nem sempre aqueles que possuem um estante lindona com vários itens que você acha “irado”, “dá hora” e faz aquele carinha parecer que sabe das coisas é o que ele quer passar em sua imagem.

Desde tempos imemoriais a humanidade sempre adorou o pão e circo, sempre idolatrou aquelas pessoas que parecem que sabem e, principalmente, adoramos nos enganar para, depois, colocarmos a culpa naquele que nos engana e não nas escolhas que nós mesmos fazemos.

Os Reis, os Imperadores, os Sabe-tudo, os colecionadores, os Acumuladores, estes podem ser analisados a fundo e acabaremos por perceber que estes itens que eles tanto ostentam, na verdade, não valem nada em questão de conhecimento.

Claro que não estou dizendo que não se deva idolatrar um Rei ou um YouTuber, um blogger, um influenciador digital, num país como o Brasil, ou qualquer um com a democracia inerente da sociedade, seria estupidez querer controlar aquilo que deva ser idolatrado, pelo contrário, a escolha a quem seguir é que dá toda a beleza de nossa sociedade, pois é assim que muitos de nós quebramos a cara ao ver que nossa escolha foi errada.

Na verdade é bem complicado fatiar aqueles que são pessoas que tem um conhecimento verdadeiro sobre um determinado assunto daqueles que pegaram o bonde andando e capitalizam sobre a questão, mas, ainda assim, é possível ver através do véu da fumaça e dos espelhos que estes parasitas acabam por se esconder.

Eventualmente, os Reis de agora não passarão de eventuais lembranças, um glitch por detrás daquilo que você realmente gosta de ler ou rever pela internet afora.

Eu mesmo nunca me considerei um Rei, nem um profundo conhecedor sobre os jogos eletrônicos, gosto, na verdade, apenas de repassar aquilo que eu aprendi sobre isto, ou sobre tecnologia em geral, ao longo dos anos.

Aqueles que se auto-intitulam Rei, Imperador, Monarca de quaisquer instâncias ou detentores de um conhecimento de wikipedia tem um problema sério de quão o seu pau é pequeno – psicologicamente falando – e precisa de algo como um título para mensurar, de alguma forma, aquilo que não tem entre as pernas e que precisa engrandecer com títulos e condecorações.

Que o Rei continua a ser Rei, pois, ele deveria saber que todo reinado um dia acaba e aqueles que são meros plebeus continuarão a existir e um, entre eles, poderá estar comandando o reinado por um novo breve período.

Aos outros, dou o direito de ser como são. A mim, dou o dever de ser cada dia melhor. E até breve Rei, pois o seu reinado está chegando ao fim.

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