Na metade dos 90, a geração 16 bits já vinha perdendo forças, pois a nova geração já estava nas lojas (Playstation, Saturn…) conquistando os ”famintos” jogadores. No final da era 16 bits, muitos jogos ainda foram lançados, sendo que alguns “gamers” nem chegaram a jogar no próprio console, conhecendo através de “emuladores” nos anos seguintes. Em 1995 a SEGA lançou um dos melhores jogos de sua plataforma, Comix Zone, que passou despercebido por muitos, pela já referida chegada da geração 32 bits.
O gibi Comix Zone
Comix Zone conta a historia de Sketch Turner, um desenhista que após ser atingido por um raio enquanto desenhava uma nova “comic book”, Comix Zone, é inserido na sua própria criação. O problema é que nesse acontecimento, o maligno Mortus, um mutante que o Turner tinha criado para a sua historia, sai dos quadrinhos e cria vida própria, tomando o lugar do desenhista e tenta mata-lo pelos quadrinhos, já que Turner agora virou o personagem, para ter sua “transferência” para o mundo real completa e assim poder conquista-lo. Com a ajuda de Alissa, uma das personagens criada por Turner, o desenhista percorre o gibi para encontrar uma forma de derrotar Mortus e voltar a vida real.
Um jogo diferente
O game é um beat em up misturado com plataforma, mas em uma forma diferente de progressão de fases. Enquanto na maioria dos beat em ups as fases são continuas até enfrentar o chefe, Comix Zone é divido por paginas. Em cada pagina o herói vai passando pelos quadrinhos, pulando um por um. Há momentos que existe mais de um caminho por percorrer e também existem caminhos escondidos nos quadrinhos, onde o herói pode chegar a “quadrinhos” escondidos com diversos itens ou apenas cortar caminho. No decorrer do jogo, Turner recebe várias dicas da sua amiga Alissa, onde eles se comunicam numa espécie de radio. Ele também tem a ajuda de seu companheiro Roadkill, um rato que consegue encontrar itens e caminhos escondidos, além de também enfrentar os inimigos com um choque elétrico e ser muito importante na resolução de alguns mini puzzles durante o jogo.
Pow! Wrack! Boom!
Comix Zone tem gráficos impressionantes para sua época. O jogo retrata fielmente uma pagina do gibi, onde Turner passa por uma Nova Iorque destruída, Himalaia e Nova Zelândia. É possível ver um pouco da próxima parte do quadrinho já desenhado. Ele vai lutando contra os inimigos desenhados pelo Mortus, no qual sua mão é frequentemente vista desenhando os inimigos. Ao enfrentar esses inimigos, a medida que você o atinge, o inimigo solta um pouco de papel picado, no lugar de derramar ”sangue”. É possível ver os anagramas dos socos como em um bom gibi. Quando Turner se comunica com Alissa ou com seus inimigos, também é visto o balãozinho de texto típico de um gibi. Em alguns momentos do jogo, os quadrinhos podem ser rasgados e até queimados. O pulo entre os quadrinhos é fluido, sem pausas o que deixa o jogo ainda mais interessante e diferente.
A jogabilidade é bem precisa, onde o botão A serve para socar ou chutar os inimigos, o botão B para pular e C para se defender dos golpes inimigos. É possível fazer varias combinações de golpes, onde Turner consegue desferir ganchos, voadoras, giratórias e outros golpes. Pressionando o botão de soco por alguns segundos, Turner consegue arrancar um pedaço do gibi e transformar em um aviãozinho, que sobrevoa sobre a tela e elimina os inimigos atingidos. Apesar de muito forte, esse “golpe” tira um bom pedaço da barra de energia. Recomendo o uso do controle de 6 botões, pois o jogo melhora muito a jogabilidade. O jogador pode acessar diretamente os itens apertando X,Y ou Z, o que não acontece com o controle de 3 botões, onde o jogador tem que selecionar com um botão qual item quer usar e ativar com outro, o que pode atrapalhar durante as lutas, fora que a defesa passa a ser automática, enquanto no controle de 6 botões é feito pressionando o botão C.
Turner pode se pendurar em cordas e cabos, empurrar diversos objetos como pedras, caixas e toneis e também coletar diversos itens pelas fases. Os itens coletados são imprescindíveis em determinados pontos do jogo, como, por exemplo, seu rato Roadkill para solucionar alguns puzzles ou o uso da dinamite para explodir pedras ou minas. Se o personagem for destruir paredes, pedras e caixas, na medida em que ele vai socando, sua energia vai diminuindo, o que pode complicar muito no decorrer do jogo.
O som do jogo é muito bem trabalhado, com vozes do Turner, Alissa e alguns inimigos. O jogo possui efeitos muito satisfatórios dos sons das pancadas, explosões ou dos quadrinhos rasgando. Sua trilha sonora é composta por um bom rock n roll dando o clima de ação para o jogo.
Difícil e curto
A dificuldade em Comix Zone é alta. No decorrer do jogo, os inimigos começam a defender seus ataques, exigindo um pouco mais nas combinações de golpes e defesa. Existem partes das paginas que exigem um pouco de calculo no pulo, pois se errar o pulo, é game over. Alguns puzzles são encontrados entre os quadrinhos, sendo que alguns deles Roadkill, o mascote, é de extrema importância para resolvê-lo, e assim, passar para o próximo quadrinho.
O ponto fraco de Comix Zone é a sua duração. O game só possui três episódios, divididos em duas paginas cada. Mesmo com as ultimas paginas sendo um pouco longas, depois de algumas jogadas e decorando os caminhos, o jogo pode ser fechado em menos de uma hora.
Um grande jogo
Mesmo sendo no final de uma era, Comix Zone se destacou muito pela criatividade. Não lembro de ter visto um jogo em que o personagem vai pulando de quadrinho em quadrinho, em um gibi, até os dias de hoje. Com gameplay divertido, uma mistura de beat em up com exploração e puzzles, gráficos impressionantes, sons e jogabilidade acima da media fazem de Comix Zone um dos melhores jogos não somente da vasta biblioteca do Mega Drive, como também da era 16 bits.
Curiosidades:
– Em algumas unidades, na versão americana do jogo, Comix Zone foi lançado com um CD bônus, com 12 artistas que iam do Rock como The Jesus And Mary Chain ao Heavy Metal, como Danzig. Na versão europeia, o jogo também veio com um cd bônus, mas esse era um cd com uma banda real tocando as versões das musicas do jogo. Na versão Tec Toy, o brasileiro ficou chupando dedo… (ao pesquisar sobre o jogo, não encontrei em nenhuma “data base” sobre o lançamento do Comix Zone no Brasil, estranhei porque eu tive uma versão tec toy do mesmo).
– Existem dois finais no jogo.
– Comix Zone foi portado para algumas plataformas. Existe para PC com algumas diferenças, no Game Boy Advance e também esta em coletâneas de jogos da SEGA para PS2, PS3 e XBOX 360. Ele também é comercializado na PSN, Xbox live e Steam.
– Quando estiver jogando, pressione rapidamente para baixo e veja o que acontece.