Nos tempos idos, a TecToy fez para a SEGA o que a Playtronic demorou anos para fazer a Nintendo. A empresa brasileira, associando-se à SEGA, nos trouxe tantas maravilhas do mundo dos jogos eletrônicos que deveríamos ser gratos pela empresa e, particularmente, até 2002, eu sou mais do que grato, pois sem ela, não teria os jogos do Mega Drive com manual em português, não acharia com facilidade títulos do Master System e, para o pessoal do Sudeste, o MegaNet não teria nenhuma função.
A Tectoy, antes disso, nos trouxe vários brinquedinhos que foram ótimos passatempos, como o Pense Bem, que eu tenho até hoje com um só livro e a arma Zilion, que fez tanto sucesso que, na época do seu lançamento, juntamente com o desenho animado – ou anime – não tinha uma criança que não quisesse ter aquilo.
Mas o melhor que a Tectoy fez foi traduzir alguns jogos para o português. Quem aqui não explodiu a cabeça com o Phantasy Star I, II e III no nosso idioma, mesmo com alguns errinhos? Quem aqui não se viu mais obrigado a ter um dicionário do lado para jogar estes maravilhosos RPG’s com essa atitude FODA da Tectoy?
Eu fui um dos muitos beneficiados, provavelmente, da forma como a Tectoy conduziu os seus negócios com a SEGA no Brasil. Só o fato de se ter uma hotline na época me permitiu fazer a conta de telefone lá de casa subir nas alturas, pois a ligação era interurbana mas, entre as boas coisas, era que a distribuição de cartuchos era igualitária em todo o país: seja em Sampa, no Rio, em Curitiba ou Fortaleza, os cartuchos da Tectoy estavam ao alcance de todos.
E, então, veio a derrocada. Quando a SEGA entrou em processo de falência, com o fim do Dreamcast, a saída dela do mundo dos consoles e passando a se tornar uma softhouse, a Tectoy ficou num beco sem saída. Não tinha mais produtos da SEGA para vender, pelo menos não mais Saturno e Dreamcast porque, por serem produtos produzidos em Taiwan e caros de manutenção, toda a produção se cessaria alguns anos depois. É por isso que não se vê mais por aí Dreamcasts e Saturnos novos sendo vendidos, e a Tectoy, tadinha, teve de se virar.
Começou a vender DVD’s com karaokê, Blu-Rays players, e outras bungingas sem muita relevância no mercado nacional – mesmo porque a LG e a Samsung estavam dominando tudo. Daí veio a maravilhosa ideia da Tectoy de lançar o Mega Drive e o Master System sem slot de cartucho e com jogos na memória. Derrocada final. Insulto para os fãs dos dois sistemas e roubo para os pais que, desavisados, compravam um Mega Drive por 350 reais, onde o mesmo não valia nem metade disso. E sequer, por agora, vou entrar no mérito do Zeebo: este precisa ser analisado como algo à parte.
Das boas lembranças, até o fim da vida, a Tectoy nos trouxe os altos e baixos desta indústria perversa que é dos Jogos Eletrônicos. Atualmente ando muito decepcionado com a Tectoy mas, bem, é um problema pessoal meu.
E para você, leitor, o seu relacionamento com a Tectoy foi as mil maravilhas ou muito conturbado?