Quando criança, em meados do ano de 1992, o principal local para se conhecer jogos novos era a boa e clássica locadora de vídeo games. Num certo dia em buscas de lançamentos para locar, me deparei com Splatterhouse 2 pela primeira vez através da capa abaixo (a esquerda) em uma locadora da cidade onde moro, no interior do estado do Rio de Janeiro. Eu, desde sempre amante de filmes de terror, ficção cientifica e coisas de monstros no geral, fiquei alucinado quando iniciei a primeira jogatina deste beat’em up de scrolling lateral desenvolvido pela Nowpro e publicado pela Namco com diversas influências dos bons filmes de terror da década de 80
O jogo, em si, continuava a trama iniciada no primeiro Splatterhouse de 1988 (Arcade, FM Towns e PC-engine) que, infelizmente, não tive contato na época. Então, resumidamente, a estória era sobre um casal de estudantes de parapsicologia chamados Rick Taylor e Jennifer Wills que, ao procurarem abrigo por causa de uma grande tempestade (clássico plot de filmes de terror oitentistas!), adentraram na antiga mansão, aqui chamada de “West Mansion” e que também era conhecida pelas terríveis lendas a seu respeito, o que lhe atribuiu o belo apelido de “Splatterhouse“. Então, Rick encontra a famigerada mascara do terror que aparentemente tem vida própria e o possui, e em contra partida a sua namorada Jennifer desaparece na escuridão da mansão.
A partir da introdução de sua continuação tratada aqui nesta resenha, sabemos que Jennifer Wills, aparentemente acaba morrendo nas mãos das terríveis criaturas da mansão no jogo precedente, ou seja, infelizmente Rick Taylor falhou ao tentar salva-la. Sendo assim, três meses após o ocorrido, o nosso protagonista, sofre de uma série de pesadelos ininterruptos sobre a mascara do terror lhe dizendo que sua amada ainda continua viva em uma segunda mansão secreta do algoz Dr. West (renomado parapsicólogo e ocultista proprietário da mansão e que por sinal seu nome é uma referência ao filme Re-Animator de 1985 que foi baseado em um conto de H.P. Lovecraft). Então, Rick sem saber se tais sonhos são reais, ou não e ainda possuído pela mascara do terror, a partir das ruínas da primeira West Mansion, segue em direção a mansão oculta aonde supostamente a sua namorada ainda poderá estar viva…
A jogabilidade é praticamente a mesma do primeiro jogo dos arcades, que por sinal continua com ótimas respostas de seus comandos e também continua no genero beat’em up com utilização de armas brancas e de fogo que conferem ao jogo finalizações com elementos “splatter-gore”. Tais finalizações conferiram a este game, uma das primeiras advertências de classificação etária para jogos de consoles caseiros devido à sua forte violência gráfica explícita.
O jogo é composto por oito fases que podem ser acessadas através de passwords (somente na versão americana e europeia) e no final de cada fase temos um chefe que ao morrer, sempre nos brinda com algum tipo de nojeira. Como por exemplo na primeira faze, onde o boss tem seu estômago explodido e suas vísceras à mostra que conferem dano ao jogador. A minha cena de finalização preferida, é a da quarta fase, onde uma espécie de cabeça-feto monstruosa explode ao ser dilacerada por golpes de moto-serra jorrando sangue na tela inteira.
Dentre as várias referências ao mundo dos filmes de terror, podemos observar na própria Terror Mask do primeiro jogo, a influência da mascara de hóquei do vilão Jason Voorhees da franquia de filmes “Sexta-feira 13“, e que neste jogo foi modificada provavelmente por motivo de direitos autorais que acabaram conferindo a aparência semelhante a de uma caveira nas versões ocidentais e uma mascara no melhor estilo Kabuki na versão original japonesa. E as influências não param por aí, na terceira fase, o chefe é muito semelhante a criatura do filme “A Mosca” de 1986, na quinta fase vemos mãos decepadas criando vida e cabeças troféus de carneiros que cospem gosma verde, que nos fazem lembrar dos filmes da franquia “Uma Noite Alucinante” (Evil Dead, 1981-1993).
Em relação a belíssima e soturna trilha sonora que nos leva à aquele clima de horror visceral, podemos notar várias influências vindas dos filmes de terror italianos do início da década de 80, que neste caso, é possível observar algumas semelhanças no tema principal do filme “Quella Villa Accanto al Cimitero” de 1982 composta por Walter Rizzati com o tema da introdução de Splatterhouse 2.
https://www.youtube.com/watch?v=SvFxZoQTnKk
Em suma, Splatterhouse 2 foi influenciado pela cultura dos bons e clássicos filmes de terror oitentistas como também influenciou outras mídias, tendo por exemplo a banda estado-unidense de Brutal Death Metal também chamada de Splatterhouse.
O game teve uma continuação direta muito bem produzida e foi lançada em 1993 com nome de “Splatterhouse 3” também exclusiva para mega drive, porém, apesar de ter a sua classificação etária mais baixa e menos violento que os jogos precedentes, teve inovações no gameplay, que neste caso passou a ser mais parecido com beat’em ups clássicos estilo Streets Of Rage e Final Fight, e com muitos caminhos e modos para chegar a vários finais alternativos. Teve também uma versão de paródia super deformed chamada “Splatterhouse: Wanpaku Graffiti” lançada em 1989 para o Nes e por fim um reeboot legalzinho e extremamente violento mas muito repetitivo lançado em 2010 para PS3 e Xbox 360, que felizmente têm como conteúdo extra os 3 primeiros jogos da série para a felicidade da galera retro gamer de plantão.
Links úteis:
Review em vídeo no canal da Comunidade Mega Drive:
Jogatina até o fim e sem perder continue no modo Game Master:
Interessante texto a respeito da trilha sonora de Splatterhouse 2: http://www.thunderboltgames.com/opinion/splatterhouse-2-the-sounds-of-madness
Melhor e mais antiga fan page da série Splatterhouse: https://splatterhouse.kontek.net/
Revisão de texto: Bruna Chaves