Tempos de locadora nos anos 90…época boa onde jogos novos dependiam do agrado dos pais ou de dois dias sem comprar lanche. Porém mais que ter a verba, muitas vezes o que influenciava na locação de games semanal era quando os pais não podiam nos acompanhar a locadora e tínhamos que ir sozinhos. E isso limitava o raio de ação, pois eles não queriam que fôssemos sequestrados por algum cigano por ter ido mais de 8 quadras longe de casa.
Ok, pelo menos comigo isso rolava. E quando isso acontecia eu não tinha muitas opções, eu só tinha essa palavra no singular. Havia uma locadora a 4 quadras de casa que pertencia a um japa que alimentava a locadora com contrabando trazido por parentes: Fitas com o adesivo só com letras japonesas, algumas com capas, outras sem que ficavam perdidas atrás do vidro do balcão ! Era uma fascinante exposição que eu não via em outras locadoras !
E o que isso tem haver com essa coluna que estreia hoje ?
Graças a esse japa eu tive o prazer (as vezes não) de jogar muita coisa “underground” no Mega Drive, pois como volta e meia essa locadora era a minha única salvação, não me restava outra opção a não ser virar o final de semana com algum jogo underrated espetado no megão.
Então mais que indicação de um B-side, os post da coluna Raise fornô Greis serão o review desses games feitos com a vivência da época. E com a paciência também !
Lembro que na época as revistas se referirem a ele com uma palavra pesada em qualquer época: Censura. Era dito que esse game possuía uma certa censura devido ao uso de “nudez” e opa ! Já vamos conversar sobre isso !
Stormlord foi lançado em 1989 e teve uma renca de ports – ZX Spectrum, Commodore 64, Amiga, Atari ST, PC – e claro teve a sua versão lançada para Mega Drive. A história é simples, o cavaleiro Stormlord foi convocado para libertas as fadas que foram aprisionadas pela rainha Badth (tchê ? ) para assim controlar o mundo delas.
Começando o jogo já notamos visual meio estranho que não é exatamente uma primazia em qualidade, mas que da pra ser encarado de boa quando penso que a história tem um clima mais dark e hey, começou a jogar ai ? Ta vendo essa fada em cima de um caldeirão ? Era para ela ter os seios a mostra assim como as fadinhas que você está salvando. Mas as crianças da época não poderim ver isso. Engraçado pensar nisso e duvido que se elas tivesse os peitos a mostra seria tão perturbador a alma de quem fosse jogar.
Pular por cima dela (não pense besteira) cria o que eu considero um dos momentos mais memoráveis do Mega Drive, o personagem assobiando fiu-fiu. Eu morria de rir na época, criança que posso fazer…bem, pensando desse lado acho que ver mamilos iriam chocar mesmo
Os efeitos sonoros tentam fazer a sua parte, são pobrezinhos tadinhos (sempre me vem na cabeça o som do goblin dando facada, parece que ele está tomando suco com canudinho). Os controles são ótimos ! Não há dificuldades na movimentação apesar do jogo aparentar ser meio duro. Os comandos são tiro, pulo e “ação” – percebeu a ordem que escrevi ? Isso mesmo, Stormlord ousa alterar a santíssima trindade do joystick Mega Drive, onde as escrituras dizem “O botão A serás para magias e afins, o B para porrada e o C para pular !”. Até hoje tenho vontade de meter a mão na fuça dos programadores que me fazem entrar no Options para mudar a configuração.
Escrevendo assim fica parecendo que o game Stormlord é apenas um jogo de plataforma. Mas parte da graça, e que por algum motivo me instiga, são os puzzles que existem aos montes no percorrer das fases. O game tem vários deles que assim que resolvemos liberamos o caminho para salvar as fadas (um exemplo, trocar uma chave por um pote de mel usando o botão de ação para que umas moscas gigantes saiam da frente). Sim, todos dentro da lógica maluca que alguns games lançados pra computador tentavam ter na época. Para mim, moscas curtem carne morta e ursos que gostam de mel. E porque um guarda-chuva num ambiente fantástico ? Não poderia ser um item mais místico e menos quebra-clima ?
Porém esse diferencial do game apresenta problemas o que pode tornar o jogo desanimador para alguns. As vezes só resolvemos os puzzles na tentativa e erro e mais: Há uma ordem certa para que sejam resolvidos. Se por acaso você fechar um caminho sem ter pego uma fada que ficou para trás, ai lascou filho, você vai ter que morrer e começar tudo denovo. Dead End. Toda essa combinação de fatores, que não sei se parecem positivos ou negativos, fazem com que Stormlord seja um jogo que mereça ser jogado com algum empenho. Ok, nem tanto reconheço, só que tenha força de vontade e vença a primeira impressão que o jogo passa. Se mesmo isso não bastar, passe pelo caldeirão com o tiozinho para faze-lo assoviar uma última vez antes de partir pra outra
Texto original pelo Mestre Chronos