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Sistema Solar SEGA – Parte I

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Sistema solar sega

Sistema Solar SEGA

Uma das coisas mais interessantes atualmente é a possibilidade de procurar e achar na internet uma miríade de informações que, em nenhum outro tempo da história, você, eu ou qualquer outro leigo seria capaz de achar, mesmo podendo acessar as mais diversas bibliotecas – que não teriam, ainda assim, tantas informações específicas dependendo da cidade em que você vive.

A quantidade de informações existentes por aí é tão massiva que se faz necessário filtrar aquilo que é verdeiro daquilo que é falso e, assim, conseguir tirar o que realmente lhe interessa numa pesquisa e que, por algum motivo, seja interessante para ser passado para frente.

Foi desta forma – e também porque um vídeo veio a aparecer na minha linha do tempo – que acabei por descobrir sobre o Sistema Solar SEGA, um nome que dou por agora a todos os projetos que a SEGA criou nos anos de 1990.

Corpo Planetário

É sabido que as empresas, sejam ela da área tecnologia, automobilística, de entretenimento ou de jogos eletrônicos, quase sempre fazem planos para 2, 5 ou 10 anos a frente e nestes planos os seus futuros produtos ou serviços recebem um codinome para ser identificado.

No mundo dos computadores temos, por exemplo, Windows Memphis que veio a se tornar o famosíssimo Windows 98, na área militar, o Projeto Manhattan, que veio a desenvolver a primeira bomba nuclear do mundo pelos militares americanos e nos videogames, um dos vários exemplos que temos são o Projeto Dolphin, que acabou virando o Nintendo GameCube e o PSX que deu origem ao Sony PlayStation.

O uso de siglas e codinomes na criação de produtos é uma forma das empresas se resguardarem perante os seus concorrentes e que, de certa forma, atiça a curiosidade das pessoas e fãs que acabam por saber destes projetos.

E a SEGA, neste caso, não ficou para trás, criando um verdadeiro Sistema Solar SEGA para criar, ou pelo menos tentar, uma quantidade absurda de produtos e atingir quase todos os públicos possíveis na seara gaming no mundo inteiro.

E porque podemos chamar de Sistema Solar SEGA? Bem…

  • Project Mercury
  • Project Venus
  • Project Mars
  • Project Jupiter
  • Project Saturn
  • Project Neptune
  • Project Pluto
  • Project Titan
  • Project Janus

Deve responder a esta pergunta.

Vamos conhecer um pouco mais destes projetos?

Project Mercury

Sistema Solar SEGA

O Project Mercury foi o primeiro da sua raça. Por conta da Nintendo e seu Game Boy, a SEGA viu ali uma oportunidade única. Um novo mercado a ser explorado com algumas vantagens em cima da sua rival.

Enquanto que o Game Boy tinha um design, para muitos, estranho, o Game Gear teria a sua orientação horizontal, para se assemelhar com os controles usados pelos jogadores, havia um outro “problema” no portátil da Nintendo que era um videogame sem cores, ou, na verdade, com a capacidade de se ter em tela cores verdes ou amareladas.

Lançado em 6 de outubro de 1990, o console teve um bom sucesso inicial de vendas e teve boa briga com o console da Nintendo até o surgimento do título conhecido como Pokémon, enterrando de vez quaisquer chances do Game Gear ter algum futuro no mercado gamer.

Conquanto o console foi criado para “consertar” os problemas do Game Boy, o Game Gear tinha outros em suas mãos, como, por exemplo, o uso excessivo de pilhas – requerendo seis delas para funcionar por até cinco horas -, o aquecimento excessivo do aparelho fazendo com que os donos ficassem com as mãos suadas com frequência e, também, pelo seu tamanho em si, que não o tornava tão portátil assim.

Project Venus

Sistema Solar SEGA

Não são muitas pessoas que conhecem este projeto pelo seu nome verdadeiro, Sega Nomad, e menos ainda pelo seu codinome, Venus.

O Sega Nomad foi a segunda aposta da SEGA no mundo dos portáteis, uma terceira aposta se for levar em consideração o semi-portátil Sega Mega Jet.

E o que veio a ser o Sega Nomad que foi lançado nos EUA em outubro de 1995? Era nada mais, nada menos que um Mega Drive de “bolso“, onde o fã da SEGA poderia agora levar para qualquer lugar os seus jogos favoritos e jogar num portátil com as funcionalidades básicas do Mega Drive em si. As exceções, claro, eram a não compatibilidade com o SEGA CD, o Sega 32X e o Power Base Converter.

Apesar da experiência da SEGA com o Game Gear, a empresa cometeu os mesmos erros do console anterior, isto é o sistema de 16-bit portátil precisava de uma quantidade mensurável de pilhas, assim como o problema de ghosting, a imagem borrada que acontecia com a tecnologia LCD no início dos anos de 1990.

Um fator interessante deste sistema é que ele tinha saída A/V para ligar em televisores comuns e um plug DE-9 que permitia a inserção de um segundo controle para uma jogatina a dois.

Project Mars

Sistema Solar SEGA

Este, sem sombra de dúvida, é o segundo projeto mais conhecido da SEGA no que tange o Sistema Solar SEGA. Em algum momento da vida, os fãs da SEGA ouviram falar do codinome Project Mars, vulgo, Sega 32X.

E, desta forma, este rapaz aqui não precisa de muita explicação. Mas como podemos ter leitores de primeira viagem, vai um pequeno resumo a seguir.

No dia 8 de janeiro de 1994, num quarto de hotel uma noite antes da abertura da CES de Inverno que iria acontecer em Las Vegas, Nevada, estava acontecendo uma reunião dos executivos do alto escalão de ambas SEGA do Japão e da América. Ali presentes estavam o CEO da SEGA Hayao Nakayama, o presidente da SEGA da América, Tom Kalinske, junto com o seu assistente Joe Miller e Paul Roux, assim como Hideki Sato e outros representantes da SEGA do Japão.

Eles estavam discutindo o futuro do Mega Drive e Nakayama foi o primeiro a perguntar sobre a questão do que fazer com o console de 16-bit. A “culpa” do Sega 32X não é americana, como muitos dizem, mas sim da Sega do Japão e o seu CEO.

Nakayama já havia esquematizado com a SEGA do Japão trazer para o mercado um console de 32-bit baseado em cartucho e que deveria ser posto a venda antes do natal de 1994 e o CEO da empresa estava disposto para ver o lançamento do produto o quanto antes.

Houve uma boa discussão de ambos os lados, onde, a primeira apresentação feita por Hideki Sato era um Mega Drive com um processador extra (um Hitachi SH-1, de acordo com alguns documentos) e uma paleta de cores expandida (128, o dobro do Mega Drive). Joe Miller ficou espantado com a proposta dizendo “Se vocês vão fazer um sistema melhorado, seria melhor fazer um add-on, se for um sistema novo com jogos novos, tudo bem, Mas se a única coisa que faz é aumentar as cores.” Depois de mais um pouco de discussão, a SEGA do Japão percebeu que ele tinha razão, jogando a batata quente para a SEGA da América em criar este add-on.

Uma coisa importante a se ressaltar, aqui, enquanto alguns engenheiros da SEGA do Japão ajudaram a SEGA da América a desenvolver o Project Mars, ninguém da América sabia que a SEGA do Japão já estava desenvolvendo um sistema de 32-bit puro.

O Project Mars havia algumas similaridades com o que viria a ser o Project Jupiter que iremos falar em breve. Houve três designs para o Sega 32X entre eles:

  • Um que teria dois processadores motorola MC68k e uma VDP adicional;
  • Outro teria um processador Hitachi SH-1 e uma VDP extra, se aproximando em poder de processamento do chip SVP;
  • E o terceiro design foi o que se tornou o Sega 32X, isto é, dois processadores Hitachi SH-2 com uma VDP extra, se aproximando em design com o futuro Project Saturn, pois a SEGA acreditava que se acostumasse os produtores a usar a arquitetura paralela os mesmos teriam mais facilidade de usar o Sega Saturn no futuro.

Houve ainda a possibilidade do mesmo ser compatível com o Sega Channel e que seria até relativamente simples ao ponto que havia a rede X-Band da Catapult iria suportar o sistema.

No final das contas, o SEGA 32X foi lançado nos EUA em novembro de 1994 como Sega Genesis 32x, na Europa como Sega Mega Drive 32X em dezembro de 1994, no Brasil como Mega 32X em março de 1995 e no Japão como Sega Super 32X em dezembro de 1994.

Project Jupiter

Não há imagens de possíveis protótipos deste console.

Uma coisa que se sabe é que o Project Saturn, o Project Jupiter e o Project Mars tiveram uma forte ligação entre si durante a sua fase inicial de pesquisa e desenvolvimento.

Enquanto que o Mars tornou-se o Sega 32X, o Saturn veio a se tornar o Sega Saturn, o Project Jupiter viria a ser um Sega Saturn que usaria cartucho no lugar de CD e seria compatível com os que seriam usados no 32X além de ter um adaptador para que os jogos em cartuchos do Jupiter pudessem ser usados no Sega Saturn.

Só que, diferentemente do Sega Neptune e Sega Pluto, o Project Jupiter não chegou na fase de prototipagem, ficando apenas como uma mera especulação.

A segunda parte sobre o Sistema Solar SEGA.

Fontes de pesquisa:

  • Service Games: The Rise and Fall of Sega;
  • The Ultimate History of The Videogame;
  • Console Wars;
  • Sega Retro;
  • Canal Top Hat Gaming Man.

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