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Golden Axe 3 – O Filho Bastardo

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Sabemos que em algumas famílias existe aquele irmão, ou irmã que são conhecidos por sua rebeldia, por não seguir regras e tal. Esse membro geralmente é lembrado como sendo a “ovelha negra” da família. É mais ou menos assim que muitos gamers consideram Golden Axe III, o “filho” caçula família Golden Axe. O terceiro episódio da franquia, que foi lançado em cartucho para o Mega Drive apenas na terra do sol nascente, sendo “abafado” nos EUA por conta da SOA achar que o jogo não tinha uma qualidade satisfatória para sair do Japão.

Mais tarde ele recebeu uma versão exclusiva para download pelo Sega Channel (sistema de conexão a cabo num tipo de intranet da Sega), sempre foi odiado por muitos. Provavelmente muitos de vocês só o conheceram através dos emuladores, e talvez se deixando levar pela crítica fulminante que esse jogo sofre desde os primórdios, é capaz de nunca terem realmente parado para observar o que Golden Axe III possui de bom. É com propósito que os convido para essa retrospectiva no mundo desse jogo, que apesar de não ser uma obra de arte dos games, vale a pena ser explorado, para que pelo menos ele não seja criticado injustamente.

Gameplay

Nos episódios anteriores de Golden Axe, cada personagem foi agraciado com uma gama resumida de movimentos especiais, fora as magias. Tínhamos corrida com ataque; pulo com espadada; corrida com pulo e espadada; arremesso e o ataque duplo contra inimigos que estão atrás.

Em Golden Axe III a coisa mudou um pouco de figura e foram incluídos muitos outros movimentos, como: bloqueio, ataque baixo, ataques especiais de defensivas e ofensivas, entre muitos outros. Além disso, existem várias habilidades únicas para cada personagem: Cragger possui o “Airslam” que causa muito dano aos inimigos, enquanto Chronos e Sarah podem dar saltos duplos e/ou na parede. No modo 2 players, os personagens podem fazer ataques combinados, sem contar que cada guerreiro pode lançar um tipo de projétil, como a Sarah que pode arremessar a sua espada, Kain lança uma pequena onda de fogo pelo chão e Cragger que pode criar furacões. Apenas Chronos não possui um fireball, seu movimento especial se trata de um ataque com as garras que atravessa a tela e é indefensável.

Movimentos:

Muitos golpes foram acrescentados ao jogo. Confira na imagem os do personagem Kain.

Quem jogou a trilogia de Golden Axe com certeza notou diferenças em alguns detalhes e personagens do jogo. Os gnomos travessos que atazanavam as horas de descanso dos nossos guerreiros no primeiro episódio, que traziam poções magicas e comida e foram trocados por bruxos no Golden Axe II, retornaram nesse terceiro episódio. Agora para se conseguir vidas extras, é preciso salvar os prisioneiros durante o caminho. Após libertarmos três camponeses da escravidão ganhamos uma vida. Alguns prisioneiros são encontrados amarrados ou aprisionados dentro de cristais, e serão libertados assim que você acabe com os inimigos ao seu redor.

O sistema de magias também voltou ao modo original do primeiro Golden Axe, onde os personagens não podem determinar a quantidade de poções que vai usar em quando for usar a magia, como era no seu antecessor Golden Axe II, assim como no jogo original, a intensidade da magia depende unicamente da quantidade de poções que você possui. Outra inovação interessante é que os personagens podem combinar suas magias, criando uma mágica de poder muito mais devastador. As montarias, ou Bizarrians como são conhecidas aqui também foram bastante “judiadas” esteticamente, e se resume em uma criatura com casco de caracol que ataca com a língua; um tipo de dragão que morde os inimigos e os arremessam para longe; e um outro dragão que cospe fogo no chão. A velha “galinha” Cocatriz, que também participou do game Altered Beast infelizmente não está presente nessa aventura. Para ser sincero as montarias de Golden Axe III são bem toscas e ficaram realmente “bizarrians”.

Combinações de ataques e magias:

Nesse vídeo mostra todas as combinações de ataques e magia entre os guerreiros de Golden Axe III.

Apesar de meio “travado” e mais difícil de executar, pois não depende de agilidade e sim do momento certo para fazer o comando, o movimento combinado até que é legal. A magia combinada também foi uma ótima sacada, apesar de que também suas animações deixaram um pouco a desejar.

“Choose Your Destiny”

Escolha por qual caminho deseja ir nessa aventura…

Das inovações que Golden Axe III ganhou, poder escolher caminhos diferentes durante o jogo, foi realmente uma sacada muito interessante. Em determinadas fases, você decide por qual caminho deseja ir. Diferente de Contra Hard Corps, que cada combinação de caminhos te levava a um final diferente, aqui independente do caminho que siga, terá que enfrentar o Damud Hellstrike no castelo, porém se no caminho encontrar todos os seus amigos que foram possuídos pela maldição de Damud e os libertar, irá conseguir o “good ending”.

 Liberte seus amigos da maldição, e terá um final feliz.

Reza a lenda.

Damud Hellstrike, o Príncipe das Trevas está em posse do Golden Axe e colocou um feitiço sobre os nossos guerreiros. Porém, um dos heróis tem a sua maldição quebrada e é enviado para acabar com a maldição que aflige seus amigos, e juntos possam derrotar o vilão e reaver o Golden Axe.”

Os Defensores do Machado de Ouro

Entre os protagonistas do game temos o gigante Cragger, Chronos “Evil” Rait, uma pantera humanoide, o espadachim Kain Grinder que se assemelha muito ao Ax Battler, e a guerreira amazona Sahra Burn, que é como a Tyris Flare. Gilius Thunderhead é o único personagem dos jogos anteriores que ainda se mantem presente no elenco, embora ele não seja mais um personagem disponível para se jogar, fazendo apenas uma breve aparição logo no inicio da aventura.

Detalhe: Kain Grinder e Sahra Burn são referidos como Ax Battler e Tyris Flare na versão compilada para o Sega Channel, sendo bem provável que ambos sejam os mesmos personagens.

Kain Grinder

Kain se encaixa como o bárbaro da trupe. Sua tribo foi devastada pelas forças de Damud.

Prós: Possui excelente alcance com sua espada, possui velocidade mediana.

Contra: Nenhum.

Mágica: Usa magia da Água e do Gelo.

Sarah Burn

Uma dançarina hábil, que também foi treinada na arte da guerra. Ela usa uma espada que foi herdada de seu pai.

Prós: Rapidez, possui salto duplo, e também pode usar as paredes para evitar ataques ou desviar-se.

Contras: Seu chute é vulnerável, e seus golpes tiram um menor dano aos inimigos.

Mágica: Detém o conhecimento da Magia de Fogo.

Proud Cragger

“Orgulhoso Cragger” como é mais conhecido, Cragger é um ex-prisioneiro do exército de Damud que foi libertado por Gilius Tunderhead e é dono de uma grande herança.

Prós: Proud é um personagem muito poderoso, e é o único ter o ataque “airslam”. Esse ataque é talvez o mais difícil de se contra-atacar. Cragger também é capaz de desferir um pequeno tornado.

Contras: Extremamente lento.

Mágica: Usa a magia da Terra.

Chronos “Evil” Lait

Chronos é uma pantera humanoide, criada pela magia negra de Damud. É sem dúvidas o personagem mais poderoso do jogo.

Prós: Seu super ataque pode ir de um canto a outro da tela, e também se trata de um golpe indefensável.

Contras: Nenhum.

Mágica: Chronos utiliza a Magia do Vento.

Gilius Thunderhead

 

O anão resolveu se aposentar após o final do segundo episódio, após ter tido o Golden Axe roubado por um grupo de elfos, Gillius deixa-o cair acidentalmente no fogo de Mithril, no momento em que tentava recuperá-lo. Ele tentou entregar o machado de volta aos deuses, mas após um naufrágio ele acabou ferido, e perdendo assim a arma para Damud. Pela sua grande sabedoria, o anão adotou o papel do sábio, e passou a orientar nossos bravos guerreiros em sua busca pelo Golden Axe.

Eve

 

 

A misteriosa seguidora de Hellstrike é um Griffin humanoide que enfrentamos várias vezes durante o caminho. Na última batalha é revelado que a Eve é o rei que havia desaparecido sob o domínio da maldição de Hellstrike. É possível jogar com a Eve no modo V.S.

Damud Hellstrike

 

Um Príncipe Demônio que roubou o Golden Axe de Gilius, e colocou uma maldição sobre a Terra. Hellstrike possui uma forte semelhança com a Death Adder, o vilão dos jogos anteriores. Se o jogador vencer Hellstrike e ainda possuir continues extras, ele reaparecerá para a verdadeira batalha final, mas agora muito mais poderoso e também soltando magias contra o jogador.

Agora que já falamos um pouco sobre a história do jogo e dos seus personagens, vamos ser um pouco mais “técnicos” e analisar os principais requisitos que caracteriza um bom jogo, começando pelos gráficos.

 “Beleza não se põe à mesa”. Bom… nesse caso, sim!

Entre as falhas que a Sega cometeu no desenvolvimento de Golden Axe III, uma que não é a primordial para definir se um jogo é bom, ou não, são os gráficos. Porém, nesse caso se tornou o fator chave para o fracasso desse episódio, e de certo modo com razão. O visual de Golden Axe III chega a ser deprimente, se comparado aos jogos anteriores, principalmente os cenários, que chega a se parecerem com cenários de jogos do Master System, ou Game Gear. Não desmerecendo esses dois super consoles, mas a questão é estamos falando do Mega Drive, um console de 16 bits e que realmente não dá para entender como a Sega permitiu que lançassem Golden Axe III com cenários tão pobres e sem vida.

 

Cenários sem detalhes, como se não tivessem sido terminados.

Ao olhar bem os cenários fico com aquela “impressão” de que o jogo foi lançado sem ter sido 100% completado, pelo menos graficamente parece que os alguns cenários não foram terminados. Observem que o céu em algumas fases ficou apenas no azul “chapado”, sem nenhuma nuvem ou qualquer detalhe para dar mais “vida”. Puta sacanagem com os fãs.

Nem mesmo a tela de seleção escapou…

Já os sprites dos personagens não parecem ter sofrido tanto assim, e possuem muito mais movimentos mesmo somando os dois primeiros capítulos. Até mesmo quando o personagem está parado ele se movimenta, ao contrário dos antecessores onde ficavam feito estátuas.

Embora os personagens possuam uma boa gama de movimentos, estes não foram tão bem animados como em outros títulos da Sega e deixam um pouco a desejar.

Os inimigos também forram reduzidos em variedade e se repetem muito, alternando apenas nas suas cores, onde cada cor determina sua força e resistência. Os chefes também se repetem durante as fases e também não foram muito bem trabalhados.

Gráficos em família…

Na imagem acima podemos fazer uma comparação rápida e bastante evidente entre as versões. Mesmo pra mim que sou um grande fã dessa terceira parte concordo que, visualmente o Golden Axe III foi feito nas “coxas”. Os cenários lembram jogos de Master System, de tão simples e sem animação.

 “Músicas sempre alegram as coisas”

Golden Axe III, continua com uma boa trilha sonora, apesar de não ter nenhuma faixa com aquele “peso” que era notável, principalmente no segundo episódio, as músicas deste tem uma boa melodia e trazem ainda aquela ambientação medieval em algumas fases. Infelizmente aqui também houveram algumas cagadas por parte dos compositores, que em algumas fases produziram músicas meio que drogados, pois não se encaixaram em nada.

Neste vídeo abaixo você pode curtir todas as faixas de Golden Axe III, mas vou deixar a minha humilde opinião para as músicas que mais se destacaram: Dim Junge (a música mais imponente), Bloody Street, Death Mountain (minha preferida), Cursed City e The Gate of Fate.

 

Soundtrack completo – Golden Axe III:

“Pagando os pecados”

A Sega of Japan cometeu um dos seus maiores pecados ao criar a terceira parte de Golden Axe da forma que o fez, é algo que não se tem uma explicação lógica. Um jogo que foi lançado em meados de 1993, onde a Sega já tinha desenvolvido ótimos jogos para o Mega Drive como: Streets of Rage 2, e até mesmo o próprio Golden Axe II que é de 1991, e ainda assim conseguiu fazer um jogo tão simples.

Infelizmente não vamos saber de fato o que levou os designers a criarem uma continuação tão “inferior” tecnicamente falando. Embora Golden Axe III seja ruim aos olhos de muitos, eu ainda continuo dizendo que mesmo com gráficos pobres e músicas que não foram para nenhum “hit-parade” da game music, Golden Axe III é maior, cada personagem possui uma grande variedade de golpes, sem esquecer das magias combinadas, e sem dúvida nenhuma é tão divertido quanto os outros e merece a chance de fazer parte da família do machado dourado.

Capa da versão japonesa de Golden Axe III

Golden Axe III

Desenvolvido pela SEGA/AM7

Lançamento: 25 de junho de 1993 (Japão)

Trilha sonora: Naofumi Hataya, Tatsuyuki Maeda e Haruyo Oguro

Gênero: Beat em up

E você aí, o que tem a dizer sobre Golden Axe 3?

Deixe seu comentário e vamos debater um pouco sobre esse pobre injustiçado…

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