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Catherine: Full Body (PS4)

Análise da versão ocidental do jogo Catherine: Full Body (2019) para o console Playstation 4.

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Em 2011, a Atlus desenvolveu um jogo bastante audacioso que misturava simulador de interação social, puzzle e plataforma com o mesmo character design da franquia Persona o que, por si só, já era motivo suficiente para chamar atenção do público e da crítica. Catherine foi lançado para PS3 e para Xbox 360 em uma geração de consoles e de jogadores que não davam tanta atenção assim a jogos de Puzzle. Nessa época cheguei a jogá-lo através daquelas demos temporárias encontradas na PS Store e, confesso que gostei bastante, mesmo do pouco que consegui testar.

Cópia do Catherine original de 2011 diretamente do meu acervo…

Para minha total surpresa, o Studio Zero (que é uma equipe de desenvolvedores da própria Atlus) reformulou totalmente o jogo original lançado há 8 anos e adicionou muito conteúdo extra, tanto na estória, quanto na jogabilidade, dando-lhe o nome de Catherine: Full Body, fazendo assim, uma bela analogia aos vinhos de sabores mais intensos e encorpados.

Tela título com os protagonistas do jogo.

Sobre o Enredo…

O game nos é apresentado como se fosse um simples filme de terror romântico dentro de um programa de televisão chamado Golden Playhouse Special, estilo Cine Trash do grande Zé do Caixão, só que ao invés de ser apresentado pela cultuada personalidade citada, temos a belíssima Trisha, que dessa vez tem um penteado diferente da versão de 2011.

A nossa querida apresentadora Trisha que também é conhecida como Midnight Venus…

A narrativa do jogo é ambientada em um país ocidental de língua inglesa (não lembro do jogo especificar qual país exato) e nos conta a estória de um peculiar e duradouro relacionamento amoroso entre um simples rapaz de 32 anos chamado Vincent Brooks, que trabalha como engenheiro da computação, e sua leal namorada Katherine McBride, também da mesma idade. Ambos se conhecem desde o ensino médio, mas estão juntos há, somente, 5 anos. Porém, Vincent morre de medo da ideia de transcender seu namoro longevo em um casamento cheio de responsabilidades. Medo esse, que serve como um grande estopim para o desenrolar dos acontecimentos no game. A grande sacada do enredo é a sua maturidade em tratar de um tema bastante recorrente na sociedade, que é a passagem da vida juvenil sem muitas responsabilidades à vida adulta que, teoricamente, representa o oposto.

Conversas como essas serão rotina no jogo.

Tudo aparentemente ocorria normal na vida do rapaz até que, em um belo dia, logo após a um terrível pesadelo, o mesmo acorda com uma garota loira de olhos azuis dormindo ao seu lado, chamada Catherine… e mais que isso não irei comentar, pois seria um grande Spoiler. Além das duas moças na vida de Vincent, exclusivamente nesta versão Full Body, foi adicionada ao jogo uma personagem extra que é a simpática e enigmática Rin, cujo passado é desconhecido devido a uma amnésia.

Cena de anime com a personagem nova chamada Rin.

Modalidades de Jogo

Catherine: Full Body, assim como a versão original de 2011, em sua campanha principal Golden Playhouse, é dividida em duas modalidades de jogatina: No qual o primeiro modo é o de simulador de interação social que ocorre no bar Stray Sheep, e que precede o segundo, que é o de Puzzles durante os pesadelos noturnos.

  • Modo de Simulador de Interação Social:

Aqui podemos fazer quase tudo que normalmente fazemos em um barzinho, ou seja, beber bastante, conversar com amigos e demais frequentadores do local, responder mensagens de celular, jogar fliperama (o mini-game Super Rapunzel que é muito inspirado nos arcades da década de 80) e trocar músicas na Juke Box (que por sinal, exclusivamente nesta versão, foram adicionadas tantíssimas músicas, dentre elas, muitas dos jogos mais recentes da franquia Persona). Lembrando que muito do que acontecerá durante o decorrer do jogo, será definido através das respostas que daremos nas mensagens de celular, atender ou não ligações e da interação com os outros NPCs presentes. Toda essa interação influenciará também no final que teremos (sim, o jogo tem mais de 10 finais diferentes, sendo que pelo menos 5 são exclusivos desta versão Full Body).

Interagindo no bar Stray Sheep.
Respondendo mensagens de celular.

Em relação ao sistema de escolha, temos a nossa disposição um medidor de moralidade com um anjinho vermelho no lado esquerdo e um outro anjinho azul no lado direito, que representam respectivamente escolhas morais que vão do caótico ao ordenado. Vale ressaltar que o nosso personagem, Vincent, também poderá seguir o caminho da neutralidade, deixando assim o ponteiro do medidor exatamente no meio, o que resultará em outro final diferente.

Sistema que classifica as ações morais de Vincent.
O mini-game Super Rapunzel muito inspirado pelos jogos da Capcom para os arcades.

Por fim a interação social também ocorre na parte dos pesadelos entre os níveis de puzzle, em um local onde podemos salvar a partida, conversar com os mais variados tipos de homens ovelhas que também estão cumprindo os desafios do pesadelo, comprar itens com o dinheiro/pontuação do jogo e responder determinadas perguntas importantes no confessionário, para assim, poder subir para a próxima fase.

Interagindo dentro do pesadelo.
Vincent se preparando para confessar seus pecados…
  • Modo Puzzle:

Esta modalidade acontece após os eventos ocorridos no Stray Sheep Bar, onde Vincent encara grandes escaladas com os diversos desafios estilo quebra-cabeças em meio a um cenário de pesadelo. Aqui o raciocínio lógico será de muita utilidade na movimentação dos mais variados tipos de blocos, para assim, poder ascender ao final de cada fase e escapar vivo de seus pesadelos mortais (lembrando que segundo a regra do enredo, quem morre no pesadelo, morre também na vida real).

Vincent encurralado em meio aos blocos.

Resumidamente, só usaremos os comandos de agarrar e empurrar os blocos com o botão X, de largar com o botão O e o comando Undo no botão L1 que serve para desfazer limitadamente, eventuais burradas cometidas durante a escalada através dos blocos. Particularmente achei essa versão Full Body bem mais fácil do que a versão original, mesmo na dificuldade Normal, pois aqui, quando o personagem morre, simplesmente o jogo faz um Undo automático cancelando totalmente o ocorrido, ou seja, removendo a característica bastante punitiva da versão de 2011, onde tínhamos de recomeçar do início da fase, ou a partir de algum checkpoint.

Mapa das fases extremamente inspirado em Ghouls ‘n’ Ghosts.

Outro ponto que demonstra bastante a diminuição do alto desafio já conhecido das fases de Puzzle, foi a adição da dificuldade Safety, que praticamente elimina a possibilidade de game over, extingue o limite de tempo, te dá a opção de simplesmente pular todas as partes de puzzle ou simplesmente deixar que o computador jogue automaticamente tudo por você. Creio eu que tais mudanças, tenham acontecido justamente para agradar o público menos habilidoso com puzzles, ou para quem só quer ver a estória do jogo sem ter que se comprometer em ficar repetindo inúmeras vezes as mesmas fases. Em suma, se você quiser um desafio de mediano a alto, jogue-o na dificuldade Normal ou no Hard.

Tutorial do jogo.

Uma novidade que vale a pena ressaltar e que também contribui para a facilidade no jogo, é a presença da personagem nova Rin, que toca piano durante certas partes mais tensas dos puzzles, o que acaba resultando na diminuição de velocidade da queda das peças abaixo ou da ação do chefão de fase. Por falar em chefões, com certeza foram um trunfo a parte no jogo. Temos chefões de variados estilos de design, ou seja, um mais bizarro do que o outro e com ataques variadíssimos. Novamente não quero dar Spoilers, mas já adianto que cada chefe está intimamente ligado ao que ocorre de bom ou de ruim com Vincent durante o dia.

O chefão fará de tudo para que Vincent não chegue ao final da fase!
Realmente a fase faz jus ao seu nome…

Por fim, nesta versão bombada foi adicionado também um modo totalmente novo para os puzzles, chamado Remix Mode, onde temos peças compostas (assim como as peças de tetris) que proporcionam um nível a mais de modalidades de estratégias para se vencer na grande escalada cheia de quebra-cabeças.

Peças de blocos compostos estilo Tetris no modo Remix.
  • Modos Multiplayer:

Assim como na versão original de 2011, em relação aos modos de multiplayer, dessa vez, podemos joga-los livremente sem ter que desbloqueá-los, com exceção somente a partir do segundo nível dos desafios do modo Babel (que pode ser jogado sozinho ou cooperativamente), pois no modo Colosseum, que é o modo Versus, podemos joga-lo livremente em sua plenitude.

Um dos níveis do modo Babel.

Exclusivamente nesta versão, finalmente foi adicionado o modo Online que, infelizmente não poderei avaliar, porque não consegui encontrar nenhuma partida disponível.  Isso aconteceu provavelmente porque o jogo ainda não foi laçado no ocidente durante a elaboração desta análise.

Opções do modo online.

Gráficos e Sonoridades

Em se tratando de uma versão remaster/expandida, foi possível reparar a melhoria gráfica em relação a versão de 2011. É bem perceptível também a diminuição do serrilhado e o aumento de resolução de 720p para 1080p. A esplendida direção de arte de Shigenori Soejima se mostra linda como sempre e esbanja sensualidade nos momentos certos e grandes cenas terrificantes em outros. As belas cenas de anime (que é uma das coisas que sinto muita falta nos jogos mais atuais) ainda continuaram a cargo do estúdio de animação Studio 4 °C que, exclusivamente nesta versão, adicionaram 20 cenas extras.

O bar Stray Sheep ficou bem mais claro e bem menos serrilhado.
Cenas de anime que dão um toque especial ao jogo.

As músicas, com certeza foram um dos pontos mais altos do jogo. Trilha sonora composta por Shoji Meguro, que também é conhecido pela franquia Persona, soube dosar exatamente o que cada momento do jogo exigisse entre períodos de tensão, tristeza e ternura. Em relação ao estilo musical utilizado na maior parte do jogo, achei bastante interessante a mistura de trilha sonora original orquestrada com pitadas de sonoridades mais eletrônicas e principalmente com a música clássica/erudita. Isso tudo é bem exemplificado no balé “O Quebra-Nozes” de Tchaikovski, em versão chip FM utilizados  no Arcade mini-game Super Rapunzel

 

Veredicto

E finalmente chegamos ao termino da análise! Como a própria desenvolvedora Atlus classifica o jogo como sendo um conto de “Horror Romântico Não Convencional“, de antemão, saiba que essa versão Full Body, que além de um belo remaster e de ter adicionado muitos elementos extras que melhoram muito mais a experiência de quem só se interessa pela belíssima trama e também para quem procura altos desafios de deixar a cabeça pegando fogo de tanto raciocinar. Resumindo, essa é a versão definitiva que recomendaria, não somente a quem ainda não tenha experimentado Catherine em sua versão original, mas também a quem jogou e gostou do jogo de 2011.

Catherine: Full Body teve seu lançamento no Japão no dia 14 de Fevereiro de 2019 para PS4 e PS-VITA e terá seu lançamento ocidental no dia 3 de Setembro de 2019 somente para PS4.

Prós:

  • Melhoria gráfica considerável
  • Adição de personagens, cenas de anime e de finais totalmente novos
  • Direção artística e trilha sonora memoráveis
  • Adição de modo Multiplayer Online
  • Possibilidade de trocar a dublagem para a linguá original japonesa.

Contras:

  • Diminuíram bastante o desafio na parte dos puzzles

Nota Final: 9,0 de 10,0

E assim mais um pesadelo se inicia…

Observação: A versão digital deste jogo para o console Playstation 4 nos foi gentilmente cedida pela própria desenvolvedora para elaboração desta análise.

Revisão de texto: Bruna Chaves

Links Úteis:

Minha análise em vídeo para Catherine: Full Body

Vídeo sobre o Catherine: Full Body no Canal da Comunidade Mega Drive:

 

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